FI DI QUEM?

Nordestino que sou, com orgulho pelo privilégio de ter nascido em Pernambuco, nome derivado da locução em língua Tupi que significa “onde o mar se quebra” que é berço de notáveis com registro na História e também de anônimos que, apesar da baixa ou inexistente escolaridade, tem no linguajar comum os ecos do classicismo já em desuso pela maioria dos que falam o Português, não podia deixar de citar essa característica que não é só nossa, mas que tem grande influência no convívio social.

Onomástico é o ramo do conhecimento que se encarrega de nomear, ou esclarecer o porquê da pessoa ou local ter determinado nome, podendo esses indicativos serem associados a variações de relevo ou a figuras relevantes por algo que as difiram dos demais como local de residência, profissão, detalhe ou defeito físico.

Especialmente nas cidades pequenas do meu Estado natal é comum ouvir-se a pergunta:

- o senhor é fi di quem?

Porque as pessoas serão aceitas ou rejeitadas com base no referencial das famílias as quais pertençam, porque fi di quem é a contração de “filho de quem”. Consequentemente a resposta estará dentro de uma das vertentes:

- Toponímia (com base no local de atuação) – sou parente de Nhô Ferraz da Fazenda Juá; Joca do matadouro...

- Antroponímia (com base nas características pessoais) – sou parente de Zé galego; de dona Chica benzedeira; do cego Matias...

Essa herança, comum a todos os povos, não tem data definida pois já era de uso comum em tempos imemoriais.

Chegaram até nós, entre outros, os registros dos gregos (Tales de Mileto; Helena de Tróia), dos judeus (Jesus de Nazaré; Paulo de Tarso) dos romanos (Júlio, o Cesar, Plínio, o velho) ...

No Brasil, não é só no Nordeste que esse costume se perpetua pois, é comum em época de eleição, principalmente para vereador, recebermos “santinhos de candidatos” associando seus nomes às profissões ou aos locais de atuação:

- Kátia da cooperativa; Cido do gás; Prof.ª Maria do EJA; Dr. Kalil da UPA...

E, como nos antigos tempos, essa caracterização das pessoas pelo sobrenome, locais de nascimento ou características físicas ainda servem como cartão de visitas ou atestado prévio de conduta, porque a evolução exponencial da tecnologia não alterou o pensamento humano que só deu poucos passos além da caverna...

GLOSSÁRIO

Galego – para o Pernambucano é quem tem cabelo louro, tendo nascido ou não na Galícia