Miojo

Miojo – parte I

Estava com alguma fome. O prato com minestrone chegou, com queijo parmesão e um generoso fio de azeite. Tomei a sopa; senti o gosto da ausência.

Dias depois, ele preparou miojo com ovo; um luxo. Sentamo-nos; eu vi seu olhar. Segurou minha mão esquerda, acariciou-a; o miojo foi ganhando sabor. Tinha o gosto dele.

Parte II

Não havia mais miojo na tigela. Olhávamo-nos, em silêncio.

Ele levantou-se, estendeu sua mão, ergueu-me, abraçou-me por trás.

Envelopou-me; estava salvo; sentia-me protegido.

Encostou sua barba na minha nuca e sussurrou-me uma indecência.

Ele queria entrar; eu precisava que ele entrasse e fosse até a câmara do tesouro, seu lugar.

Comprimiu-me, quebrou-me os ossos, deixou seu sêmen. Permanecemos acoplados...

René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 02/03/2023
Código do texto: T7730767
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