Miojo
Miojo – parte I
Estava com alguma fome. O prato com minestrone chegou, com queijo parmesão e um generoso fio de azeite. Tomei a sopa; senti o gosto da ausência.
Dias depois, ele preparou miojo com ovo; um luxo. Sentamo-nos; eu vi seu olhar. Segurou minha mão esquerda, acariciou-a; o miojo foi ganhando sabor. Tinha o gosto dele.
Parte II
Não havia mais miojo na tigela. Olhávamo-nos, em silêncio.
Ele levantou-se, estendeu sua mão, ergueu-me, abraçou-me por trás.
Envelopou-me; estava salvo; sentia-me protegido.
Encostou sua barba na minha nuca e sussurrou-me uma indecência.
Ele queria entrar; eu precisava que ele entrasse e fosse até a câmara do tesouro, seu lugar.
Comprimiu-me, quebrou-me os ossos, deixou seu sêmen. Permanecemos acoplados...