Uma Jornada de Inspiração
Na época do colégio, minha mãe tinha o costume de escrever uma frase bonita em todas as matérias do meu caderno e o dos meus irmãos. Algumas frases bíblicas, outras frases inspiradoras. Ela tinha uma regra também da hora da leitura e da cópia. Todos nós tínhamos que escrever um pequeno texto ou ler algo para ela, algumas vezes em quanto estava fazendo algum trabalho de casa, como lavar roupa, por exemplo. Era linha dura, repreendia com firmeza quando, em algum vacilo juvenil, caíamos na cilada de mostrar alguma preguiça. Porém, ao cumprirmos nossos deveres, sempre nos recompensava com a sua doçura maternal, nos incentivando a mostrar sempre o nosso melhor.
Desde que me conheço por gente, sempre fui inimiga numero 1 dos números! O universo das contas e cálculos nunca foi meu forte, e sempre sofri muito com isso. Lembro que um dia, em um ato de revolta e muita impaciência, diante das minhas dificuldades de resolver as questões do exercício, comecei a chorar histericamente e disse querer morrer naquele momento. Ela, com muita calma e compaixão, me colocou no colo, enxugou minhas lágrimas e me mostrou o quão errado era pensar daquela forma, o quanto que minha família me amava e a capacidade que eu tinha de superar aquele desafio diante dos meus olhos.
Minha mãe sempre estava na primeira fila das nossas apresentações escolares. Não faltava a uma reunião de pais e mestres. Sempre colocava um sorriso no rosto, quando ouvia os elogios dos professores a nosso respeito. Na sua forma de ser, também se esforçava para que fossemos independentes! Quando a gente perdia o ônibus escolar, tínhamos que ir a pé, e a escola ficava há uma certa distância de casa. Na nossa cabeça, estávamos sós, andando por todo o percurso. Após adultos, descobrimos que, nessas ocasiões, ela sempre nos acompanhava de longe, vigiando para nenhum mal poder nos atingir.
Acho que o seu coração maternal deve carregar muitas culpas. Devia ter feito isso… agido dessa forma… ter sido mais firme nesta ocasião. Porém, rezo para que ela tenha ciência que todas essas pequenas ações transbordavam um amor tão forte, tão impactante quanto o cheiro de uma plantação de um hectare de margaridas!
Quem dera eu, um dia, aprender a amar assim!