COMO CRIATURAS MORTAS

Nunca queira experimentar a agonia do abandono, a dor tacanha do desprezo e a tristeza da indiferença. Infelizmente muitas pessoas idosas, os miseráveis e os moradores de rua, entre outros, atravessam essa difícil e inóspita estrada ao longo da vida. Como resultado desse verdadeiro martírio voltam-se para si mesmos, esquecem de sorrir, tornam-se introspectivos.

Para eles o viver é um castigo e a cruz é carga constante sobre seus ombros. Caminham pelas ruas e ninguém vê, debruçam-se sobre os parapeitos das janelas sem receber qualquer simples aceno de quantos vão e vem, são apenas espectros dos quais não há quem dê conta. Estão em tantos lugares, mas nem parece porque sombras passam despercebidas.

A maioria tem familiares, ocasionalmente filhos e netos, parentes próximos e distantes, porém desdenham-nos, negam importância a suas existências, deixando-os de lado como se fossem descartáveis. Como tocos de árvores cortadas ou buracos nas estradas dos quais desviam. São criaturas que para seus próximos já morreram.

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 28/02/2023
Reeditado em 28/02/2023
Código do texto: T7729797
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