COMO CRIATURAS MORTAS
Nunca queira experimentar a agonia do abandono, a dor tacanha do desprezo e a tristeza da indiferença. Infelizmente muitas pessoas idosas, os miseráveis e os moradores de rua, entre outros, atravessam essa difícil e inóspita estrada ao longo da vida. Como resultado desse verdadeiro martírio voltam-se para si mesmos, esquecem de sorrir, tornam-se introspectivos.
Para eles o viver é um castigo e a cruz é carga constante sobre seus ombros. Caminham pelas ruas e ninguém vê, debruçam-se sobre os parapeitos das janelas sem receber qualquer simples aceno de quantos vão e vem, são apenas espectros dos quais não há quem dê conta. Estão em tantos lugares, mas nem parece porque sombras passam despercebidas.
A maioria tem familiares, ocasionalmente filhos e netos, parentes próximos e distantes, porém desdenham-nos, negam importância a suas existências, deixando-os de lado como se fossem descartáveis. Como tocos de árvores cortadas ou buracos nas estradas dos quais desviam. São criaturas que para seus próximos já morreram.