MARKETING DA OCASIÃO

Durante a pandemia e mesmo depois dela tivemos o bombardeamento de informações catastróficas sobre a manutenção da vida, do colapso nos transportes, na produção e distribuição dos alimentos, da escassez que seria generalizada e das técnicas que deveríamos adotar para evitar a morte por inanição.

Surgiram “especialistas” em tudo que dizia respeito às condições mínimas para a nossa sobrevivência mais do que ameaçada por tudo o que estava acontecendo, pelas levas de variantes do vírus chinês surgidas em tempo recorde para um organismo vivo, do uso de medicamentos conhecidos ou dos fabricados a toque de caixa para aplicações em massa nas populações dos cinco continentes, da necessidade de construirmos um bunker por conta da deflagração de guerra nuclear, criando-se um cenário caótico a fim de que todos fossem envolvidos na psicosfera do terror.

Muita gente ganhou dinheiro com a criação de sites de aconselhamento para estocar e recomendações fajutas para conservar os alimentos e água potável enquanto se esperava a deflagração do caos que, nem aconteceu nem dá nenhum sinal de que acontecerá.

“Tudo permanece como d’antes no quartel de Abrantes”

Armazenar alimentos in natura ou industrializados exige conhecimento prévio, treinamento e o estabelecimento do cronograma de utilização sob pena de que todo dinheiro que foi gasto antecipadamente com a aquisição vá parar no monturo das coisas imprestáveis por terem ultrapassado o prazo de validade.

Nem todo mundo se dá conta de que os alimentos são orgânicos, de que o caroço de feijão está vivo dentro do pacote, dos enlatados que, tal como nós, envelhecem, morrem e serão colonizados por fungos cujas toxinas são capazes de nos envenenar.

Todo mundo já ouviu falar que alguém morreu por causa de botulismo...

Acabei de receber, via zatizapi, um vídeo desses "especialistas de última hora" tentando me convencer a armazenar alimentos e água potável, porque aquele caos ansiosamente esperado, decantado em prosa e verso, que deveria ter chegado há mais de ano, não tem dia nem hora marcados, mas virá em breve.

Não sei de quem partiu a bem-sucedida ideia de espalhar o caos para incrementar as vendas do varejo, mas temos que reconhecer, funcionou lindamente.

CITAÇÃO

Dito jocoso surgido em Portugal, quando da invasão napoleônica a partir de 1807