Noite de Natal em minha casa
Quando eu era criança, a noite de Natal em minha casa era uma verdadeira Torre de Babel! Um entra e sai de parentes, amigos... Risos e brincadeiras – crianças correndo, muitas crianças, eram um exercito!
Tudo em minha casa era muito confuso, pois papai era muçulmano e minha mãe, católica. Duas culturas tão diferentes, dois mundos ligados pelo amor de duas pessoas. Meu pai e minha mãe tinham um pelo outro, um amor incondicional. Havia respeito e amor. Sendo muçulmano, papai sabia respeitar os costumes católicos de minha mãe e o Natal era o mais importante. Ele participava sempre sorrindo e de coração aberto numa alegria contagiante, sob o olhar terno de minha mãe... E assim o mesmo repetia-se quando as festividades do Ramadã e outras festas muçulmanas. Éramos felizes! Uma enorme família com muitos agregados, com muitas diferenças, mas com muito amor, sempre o amor acima de tudo.
Nossa Árvore de Natal ficava em lugar estratégico e brilhava enchendo meus olhos de criança... Tinha um presépio enorme montado ao lado... E as luzes piscando acendia as bolas de vidro e os anjos suspensos... Quando o relógio mostrava que faltavam minutos para meia-noite, meu pai acendia velas em cada galho e colocava uma estrela de cinco pontas no topo da árvore... era a “Estrela do Nascimento”. Tinha uma imagem do Menino Jesus... Então ele, de mãos dadas com minha mãe, fazia uma oração de agradecimento por todas as graças recebidas, pela nossa saúde, por nossa família e por nossos amigos e sempre segurando as mãos de minha mãe, ele me dava uma tâmara... nunca entendi, mas ainda sinto o gosto em minha boca.
No meio daquela euforia toda minha mãe distribuía nossos presentes e finalmente tinha início a Ceia de Natal, também com comidas de diferentes... Cheiros e sabores do Oriente e Ocidente numa mesa posta para uma Ceia da qual trago a lembrança, vozes e risos, meus pais aos beijos e o cheiro inesquecível da minha boneca nova, tirada da caixa... Assim era a minha Noite de Natal, união, respeito e amor. Houve uma vez, um momento único, onde vi meu pai afastar-se de todos e ficar em silencio olhando o Presépio. Fui para junto dele e vi lágrimas em seus olhos. Gordas lágrimas em seu rosto... Olhou-me e vi muita tristeza em seus olhos verdes. Então me falou da tristeza que sentia, porque a humanidade não entendia o verdadeiro significado do Natal. Que o sacrifício fora em vão, que adorávamos sim, as luzes, as comidas, os presentes, as cores... mas esquecíamos jogado numa manjedoura fria, esquecíamos o Filho de Deus – o Verbo que se fez Carne e que bebíamos o seu sangue em taças de cristal. Senti medo! Chorei apertando a boneca quase do meu tamanho... meu pai ajoelhou-se de toda sua altura e limpou minhas lágrimas, minha mãe aproximou-se, olhou-me segurou a mão de meu pai, então ele deu-me uma tâmara – vá brincar, Mariame, vá brincar,é Natal...vá brincar.
Meus pais já não estão comigo, mas ainda ouço as suas vozes e sinto o cheiro agridoce da Noite de Natal em minha casa.
Quando eu era criança, a noite de Natal em minha casa era uma verdadeira Torre de Babel! Um entra e sai de parentes, amigos... Risos e brincadeiras – crianças correndo, muitas crianças, eram um exercito!
Tudo em minha casa era muito confuso, pois papai era muçulmano e minha mãe, católica. Duas culturas tão diferentes, dois mundos ligados pelo amor de duas pessoas. Meu pai e minha mãe tinham um pelo outro, um amor incondicional. Havia respeito e amor. Sendo muçulmano, papai sabia respeitar os costumes católicos de minha mãe e o Natal era o mais importante. Ele participava sempre sorrindo e de coração aberto numa alegria contagiante, sob o olhar terno de minha mãe... E assim o mesmo repetia-se quando as festividades do Ramadã e outras festas muçulmanas. Éramos felizes! Uma enorme família com muitos agregados, com muitas diferenças, mas com muito amor, sempre o amor acima de tudo.
Nossa Árvore de Natal ficava em lugar estratégico e brilhava enchendo meus olhos de criança... Tinha um presépio enorme montado ao lado... E as luzes piscando acendia as bolas de vidro e os anjos suspensos... Quando o relógio mostrava que faltavam minutos para meia-noite, meu pai acendia velas em cada galho e colocava uma estrela de cinco pontas no topo da árvore... era a “Estrela do Nascimento”. Tinha uma imagem do Menino Jesus... Então ele, de mãos dadas com minha mãe, fazia uma oração de agradecimento por todas as graças recebidas, pela nossa saúde, por nossa família e por nossos amigos e sempre segurando as mãos de minha mãe, ele me dava uma tâmara... nunca entendi, mas ainda sinto o gosto em minha boca.
No meio daquela euforia toda minha mãe distribuía nossos presentes e finalmente tinha início a Ceia de Natal, também com comidas de diferentes... Cheiros e sabores do Oriente e Ocidente numa mesa posta para uma Ceia da qual trago a lembrança, vozes e risos, meus pais aos beijos e o cheiro inesquecível da minha boneca nova, tirada da caixa... Assim era a minha Noite de Natal, união, respeito e amor. Houve uma vez, um momento único, onde vi meu pai afastar-se de todos e ficar em silencio olhando o Presépio. Fui para junto dele e vi lágrimas em seus olhos. Gordas lágrimas em seu rosto... Olhou-me e vi muita tristeza em seus olhos verdes. Então me falou da tristeza que sentia, porque a humanidade não entendia o verdadeiro significado do Natal. Que o sacrifício fora em vão, que adorávamos sim, as luzes, as comidas, os presentes, as cores... mas esquecíamos jogado numa manjedoura fria, esquecíamos o Filho de Deus – o Verbo que se fez Carne e que bebíamos o seu sangue em taças de cristal. Senti medo! Chorei apertando a boneca quase do meu tamanho... meu pai ajoelhou-se de toda sua altura e limpou minhas lágrimas, minha mãe aproximou-se, olhou-me segurou a mão de meu pai, então ele deu-me uma tâmara – vá brincar, Mariame, vá brincar,é Natal...vá brincar.
Meus pais já não estão comigo, mas ainda ouço as suas vozes e sinto o cheiro agridoce da Noite de Natal em minha casa.