QUANDO UM FAVOR SE TRANSFORMA NUM PEDADELO.
Fazer um favor é algo que não custa nada a ninguém. Principalmente quando envolve pessoas conhecidas, parente, amigos etc. Já fazê-lo a quem não se conhece, sem querer generalizar, já merece muito mais cuidado. Afinal, tem muita gente com más intenções. Então para cair numa emboscada é num abrir-fechar de olhos. Vejamos este caso verídico.
O meu vizinho, uma pessoa do bem, ilibada, de bom caráter, trabalhador, responsável etc. não merecia passar por um vexame, um transtorno como o que passou. A caminho para a padaria, certa tarde, percebeu um rapaz empurrando com dificuldade um carro de passeio. Ele pensou logo: deve ser a bateria, se eu ajudá-lo ele pode sair desse sufoco. E foi o que fez, dizendo ao desconhecido:
- Quer ajuda aí, companheiro?
- Demorou. Acho que agora "pega".
Até que tentou, mas coincidentemente quem chegou de repente e nos pegou foi a polícia que passava pelo local.
- Parado! Mãos na cabeça!
Como não devia nada e dando uma de "João sem braços" já ia saindo pela tangente, quando o policial o fez voltar com rispidez e arrogância, dizendo:
- Você é surdo ou está se fazendo de besta, seu otário?
- Desculpa, seu policial é que não devo nada nesta história!
- Gozado, coincidência, nem eu!
Em resumo, após constatar que aquele desconhecido se tratava de um ladrão de carros e o meu vizinho apenas estava fazendo um pequeno favor, mesmo assim levou os dois para a delegacia. Lá, conforme manda o figurino, foi lavrado o BO (Boletim de Ocorrência) e só depois de 12 horas, com muita súplica e humilhação, o meu vizinho conseguiu uma exceção do Delegado e se comunicou com a família. E logo depois foi liberado. Depois deste transtorno, sempre que ele via alguém empurrando um carro na rua, não só lembrava, como mudava o seu caminho, mesmo tendo ouvido falar que "o raio não cai duas vezes no mesmo lugar". Ou "não tomamos banho duas vezes no mesmo rio". Bem, mas aí já é outra história filosófica. Passa longe de um caso de polícia.