Salmo do trabalhador
Salmo do trabalhador
Ainda que eu ande no vale do corte, nenhum aviso prévio assinarei, nem chegarei à Caixa Econômica como um desempregado. Meu salário não é elástico e minhas dívidas transbordam. Mil boletos à minha direita, cobrança à esquerda e meu nome no SPC não será inserido. Em bons restaurantes sigo me permitindo, compro parcelado, em 24 vezes, até acabar o limite, mas não ao ponto de ficar falido. Sexta-feira ficarei tentando a não ir trabalhar, no almoço desejarei um cálice de cerveja, mas direi não à tentação e passarei à tarde clamando: vem 18 horas! Sei que o medo de perder o emprego é grande, e a maldade de alguns colegas me faz querer desistir, entretanto não perderei a minha essência e sempre darei o melhor de mim. A liderança negativa como fofoca, inveja, falta do que fazer e a desvalorização profissional tentarão me atingir e não serei abalado, pois quem me protege manda na zorra toda, Não temerei perigo algum, pois o conhecimento que tenho abre portas, minha inteligência não é artificial, não sou robô, não tenho uma visão limitada, e o recomeço não é o fim.
Jaciara Dias