LEMBREM DE MIM
LEMBREM DE MIM.
Temos um período curto de existência e, logo após, passamos e caminhamos, inexoravelmente, para o esquecimento.
Os nossos entes mais queridos, tão somente, guardam nossa lembrança por mais tempo. Depois seremos uma página virada no livro da vida.
Muitos desejam monumentos que marquem sua passagem por este mundo.
A maioria quer apenas viver e, o depois, não mais importa.
Não quero que lembrem de mim pelo poder ou fama, que a vaidade ambiciona.
Lembrem de mim, tão somente, pelo bem e amor que houver plantado. Não como uma recompensa ou condecoração, mas por haver compreendido o sentido da vida e haver tido vida em abundância.
O Mestre deu-nos o exemplo na morte de Cruz. Achavam que, com sua morte, logo seria esquecido. Ledo engano! Porque semeou o amor, por onde passou, seu exemplo e ensinamentos deixaram marcas profundas em todos, para todo o sempre.
Não quero ser lembrado por minhas possíveis obras. Quero que o Amor, que me tenha levado à essas possíveis obras,
seja a lembrança perene, a impulsionar outros, como Jesus ensinou, a seguir o mesmo caminho, e a transformar esse mundo no Paraíso sonhado.
Quero viver no Amor, sem distinção de pessoas, sem a busca de interesses pessoais, pelo prazer de ver o Bem prevalecer sobre o mal, de plantar sorrisos e enxugar lágrimas, de ser degrau de ascensão para o meu próximo e não pedra de atropelo em sua vida.
Quero dar de comer e beber a quem tem fome e sede; abrigar e cobrir toda nudez; socorrer toda indigência e doença e ser proclamador da verdadeira liberdade a quem está prisioneiro. Não para ambicionar a vida eterna, nosso bem maior, mas pelo simples prazer de amar, como o Mestre amou.
Não quero ser lembrado como exemplo, símbolo, ou por qualquer outro motivo que a vaidade nos dita. Mesmo porque sei que nasci no pecado, sou pecador e tudo o que possa vir a fazer não é meu, mas obra do Pai.
Lembrem de mim como uma seta, no meio do caminho, apontando a direção, meio encoberta pela poeira ou vegetação; lembrem de mim, compreendendo como o poder e o amor de Deus podem transformar pedras em Filhos de Abraão, um pecador inveterado, em um servo do amor divino.
Lembrem de mim como alguém que passou, cujo nome nem precisa ser lembrado, mas que foi resgatado pelo Amor de Deus, que socorre e salva a ovelha perdida.
Que em minha lápide mortuária possa estar escrito: Aqui jaz um desconhecido pelos homens, que apesar de seus pecados, deixou marcas de amor por onde passou.