Kafka comendo kafta
Sob a atmosfera quente e úmida que faz a camisa de algodão grudar na pele, motocicletas esgoelam costurando os carros numa corrida de ratos sem linha de chegada. A maioria busca um sentido pra existência. Algumas pessoas correm para deixar as crianças que coçam os olhos de sono na escola, outras já acordaram antes do sol nascer e já estão dentro de galpões fedendo a suor fazendo crossfit e alguns já desistiram e estão num bar ou banco da praça bebendo cerveja e cachaça escapando da realidade.
Sigo caminhando sobre as calçadas irregulares que volta e meia me fazem tropeçar tentando escutar o que toca nos meus fones de ouvido pensando em o que escrever nessas linhas despretensiosas. Perto da agência, acendo um cigarro que acaba na ultima esquina. Jogo a bituca no chão, apago a brasa com a sola do sapato, ensaio um sorriso e entro. Cheiro de mofo e produtos de limpeza. Marmita na geladeira, ligo o computador e mergulho na vida média.
Às vezes uma sexta-feira é só uma sexta-feira, tomara que ainda haja café na garrafa.