"TEMPO ESCURO" Crônica de: Flávio Cavalcante.

TEMPO ESCURO

Crônica de:

Flávio Cavalcante

O tempo escureceu de repente. O sol de ontem apagou a sua luz hoje logo cedo. Tudo em volta ficou gélido e sorumbático. As nuvens parecem estar carregadas de lágrimas e há quem diga que o seu pranto irá cair em cachoeira. Há quem diga que é um pranto em sinal de protesto da mãe natureza por carregar todo o fardo da irresponsabilidade nas costas, produzido por aquele que deveria ser responsável.

A lua se envergonhou ontem à noite. Seu brilho já não estava como brilhou alguns dias atrás e trouxe suspiros para alguns casais enamorados, que aplaudia seu raio luminoso clareando a fresta de água do mar até o horizonte.

Não ouvi mais os pássaros dando o bom dia de felicidade. O galo parou de cantar, anunciando a aurora de um novo dia. O jardim estava tão triste pelo sumiço das borboletas que insistiam em enfeitar cada pétala das rosas que recebiam o beijo abrasador do beija-flor e retribuía com divergentes cores em cada botão que enfeitava todo o jardim.

Cadê aquela aprazível brisa sem ser doentia e insuportável? Cada canto de cada recanto o que se houve é o som do silêncio torturante. Agasalhos fatalmente indicam sinal de proteção.

Até o amor semeado nos corações está cada vez mais escasso, devido a intolerância, a impaciência, a falta de coerência e educação.

O tempo está escuro com o fácil da atualidade. A virtualidade, ganhando um espaço gigantesco, transformando o que era normal, na anormalidade, a moral na imoralidade.

Tempos escuros nesta era dos zumbis vivos, grudados à tela de um mundo e cérebros na palma da mão e mentes depressivamente doentias. Tempos escuros sem perspectiva de pelo menos uma luz no fim do túnel.

ESTES TEMPOS ESCUROS SÃO A REALIDADE DO MUNDO ATUAL.

Flávio Cavalcante.

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 23/02/2023
Código do texto: T7726350
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