Crônica com Título Consideravelmente Grande Para Passar Uma Vibe De Coisa Cult e Sociologicamente Intelectual, Mas Que Só Tá Reclamando do Carnaval.

Texto de Fael Velloso

 

Eu ODEIO o carnaval! Não, não, vou começar de novo...

 

Eu ODEIO o carnaval...Hoje em dia! Num é bem ódio, mas ódio ´-e a palavra que mais se encaixa entre “não ter mais saco” e “Ah, tem uns que eu até fico pelas marchinhas”. Mas no geral, no balanço, eu tenho um certo ranço dessa folia desenfreada que a folia desenfreada de outrora se tornou. E juro, eu num tô querendo me desfazer de ninguém, e muito menos me sentir um pseudocult antissocial.

 

Eu já amei isso! A busca por blocos, por beijos, por cervejas baratas, enquanto o sol torava na minha coluna, na minha calvície inicial (na época!) e na minha testa já um pouco maior, devido a tal calvície já citada. Era legal andar com os amigos já bêbados, citando versos, frases e músicas, enquanto andávamos da zona sul para o centro, ou vice-versa. Era bom, tentar negociar cervejas em combos baratos, enquanto, de rabo-de-olho, observávamos gringas belas, que nós nunca conseguiríamos beijar.

 

Hoje... bem, hoje depois de anos, eu tentei me incluir na graça de foliões, muitos deles curtindo blocos fora de época desde o natal. Hoje, depois de dois anos parados, em casa, com medo de perder a vida, o pulmão, ou parentes, eu resolvi encarar o sol, o calor, e as mil e uma possibilidades de perder meu celular ainda sob prestações da Magalu. Eu fui. Eu tava lá... e foi tão assustador quanto sacar dinheiro no banco, e, por distração, botar a mão no bolso de trás e não sentir a carteira, pra só depois, respirar aliviado ao lembrar que a carteira na verdade ficou em casa, e que tu escondeu o dinheiro na cueca...

 

Tipo, cara... as pessoas parecem querer estar vivendo o carnaval como se não houvesse o amanhã. Ok, sempre fora assim, desde o tal carnaval carioca pós Gripe Espanhola. Mas hoje, o povo parece mais sem noção que de costume. Pessoas mijando pelas ruas, sem questão nenhuma de sigilo, privacidade, ou medo da multa de mais de setecentos Reais. Pessoas subindo em pontos de ônibus, árvores, estátuas, chafarizes, carros de desconhecidos, apenas para fazer alguma dancinha, e/ou com essa dança, bombar no maldito e infernal Tik Tok. Pessoas tentando roubar pessoas. Pessoas tentando dopar pessoas. Pessoas tentando beijar pessoas, mesmo que essas outras pessoas não quisessem beijar essas pessoas...

 

É, falando isso alto, eu vejo que nada mudou. Eu vejo, inclusive, que outrora, eu talvez tenha sido um sem noção durante o carnaval. Merda! Talvez hoje eu só seja um chato de galocha. Talvez hoje, eu seja mais um Lineu Silva do que um Homer Simpson. Talvez meu eu de vinte poucos anos, passasse por mim, e após algumas cervejas, me mandasse ir à merda, e me chamasse de velho sem noção!

 

Tô velho! E o carnaval tá chato mesmo assim!

Fael Velloso
Enviado por Fael Velloso em 22/02/2023
Código do texto: T7725580
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