Tragédias previsíveis

Tragédias previsíveis e relevação de riscos pelas autoridades

No último 1o. de janeiro de 2023, completaram-se 12 anos de similar tragédia ocorrida em Angra dos Reis, principalmente em Ilha Grande, onde uma pousada inteira foi soterrada. Foram contabilizadas 53 vitimas fatais.

No ano passado, 02/04/2022, aí mesmo em Angra dos Reis, tivemos 7 vidas ceifadas por deslizamento de terra que atingiu seis casas no bairro Monsuaba.

Neste verão vemos mais encostas vindo abaixo e causando mais vítimas...

Aí você lembra do caso da Boate Kiss em Santa Maria-RS, que não se trata de deslizamento de encosta e sim de "deslizamento na conduta" de autoridades que permitiram a existência daquela arapuca, lembramos de Brumadinho, de Mariana, de Petrópolis, e de mais uma enormidade de pequenos e grandes deslizamentos, vitimando pessoas e famílias que se instalam nas encostas, ou na linha de escoamento de barreiras de rejeitos de mineração como foram os casos de Mariana e Brumadinho.

Segundo li hoje, o Brasil tem mais de 18 mil pontos conhecidos que estão sob risco de ocorrências similares.

É mesmo de desnortear... Autoridades só encenam ações quando as tragédias já ocorreram. Mostram solidariedade, empatia, o que é bom. Mas onde estavam para cobrar dos responsáveis o gerenciamento de riscos, antes que as tragédias ocorressem. Onde estão os prefeitos e vereadores que, em busca de votos, ainda fazem vistas grossas às instalações de casas e moradias nesses lugares. Onde ficam as vozes dos arquitetos e urbanistas e técnicos que conseguem ver esses riscos mas não conseguem impedir a sanha política desses locais. E os responsáveis pelo meio-ambiente, os quais de uma forma ou outra, deixam de atuar para que essas construções não tenham autorização nessas áreas de preservação?

Como sempre, a ajuda conta com a bondade da maioria, com doações e oferencendo seus servicos, em que pesem termos uma minoria de aproveitadores desses momentos tristes. A defesa civil e o voluntariado se desdobram, demonstrando a enorme solidariedade do nosso povo. Pois é gente, e o governo conta com isso até os rescaldos finais da tragédia. Mas, cá entre nós, a coisa é muito improvisada, muito precária sempre, a nossa defesa civil organizada sempre carece de maior apoio financeiro para estar melhor preparada para esses eventos, embora previsíveis em muitos casos, mas, certamente evitariam maiores prejuízos às famílias e ao Estado.

Sim, a culpa é sim das autoridades que permitem isso e não tem vontade de enfrentar os seus próprios riscos políticos, optando pela conivência conveniente...

Não conseguem aquilatar o preço absurdo que é a perda de vidas e muito menos avaliar o custo de socorrer, de mobilização emergencial, de dar assistência paliativa, que vão durar apenas até que outro fato grotesco ocorra para tudo caia no esquecimento...

Minha solidariedade aos atingidos,e meu enorme pesar por mais estas vítimas da ineficiência e da obscena tolerância e inação preventiva das autoridades constituidas!

Até a próxima tragédia, gente!

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 22/02/2023
Reeditado em 23/02/2023
Código do texto: T7725436
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