O OURO E A PRATA

Era o ano de 1980 e eu estava participando do meu primeiro Encontro Carismático, numa Escola Católica, no Alto da Boa Vista.

Estávámos no interior de uma Capela e eu ouvia e olhava, admirado, aquelas cinquenta pessoas que oravam e cantavam, de forma diferente.

Seu canto era alegre, balançavam o corpo ao som da música, e sorriam o tempo todo, abraçando-se efusivamente.

Sua alegria era tanta, seu amor, uns pelos outros, era tamanho, que eu me senti pequenino, entre eles. Era como se fosse a ovelha negra do rebanho, apartada das demais, por ser diferente.

E eu disse, em oração silenciosa: Senhor, ensina-me a amar, como eles.

Foi quando tocaram em meu ombro, olhei para trás e me deparei com uma jovem de cerca de 18 anos, que me estendia sua Bíblia e me apontava para um texto sublinhado, pedindo-me que eu lesse.

Era o livro do Eclesiástico, capítulo dois, versículos de um a cinco, que no final dizia assim:

- Pois é no fogo que são provados o ouro e a prata e no cadinho da humilhação, os homens agradáveis a Deus.

Com uma onda de emoção embargando minha voz, agradeci e compreendi que Deus estava me temperando, para o seu serviço, na humilhação que sentia de ser O menos capacitado para estar naquele grupo.

Fui àquele Encontro, por acaso, sem.muita vontade. E Deus fez dele, um marco em mimha vida.

Esses cinco versículos passaram a ser uma pedra angular no alicerce de minha vida espiritual.

Hoje, passados tantos anos, recordo -me daquelas cinquenta pessoas, como um bando de crianças, em volta de Cristo. E entre elas, uma que me vendo amuado e sozinho, pegou-me pela mão e me colocou no colo do Senhor.

Entendi o que é ser criança, para Cristo, e porque delas é o Reino dos Céus.