ARREPENDIMENTO DE CARNAVAL
Francisco de Paula Melo Aguiar
Quarta-feira de cinzas é dia do arrependimento de quem brincou carnaval.
Segundo a tradição milenar, tudo veio do pó e para o pó voltará, inclusive os humanos e não humanos.
Assim nos ensina a Bíblia Sagrada para quem nela crer...
No Antigo Testamento da Biblia Sagrada a quaresma é associada diretamente aos quarenta (40) dias de Jesus Cristo no deserto, mas o referido número aparece em vários outros momentos ou períodos de preparação com expectativa de mudança, e-vi que Deus fez chover quarenta dias e quarenta noites nos tempos de Noé, vide Gênesis, capítulo 7, versículo 4.
Em Êxodo, capítulo 14, versículo 18, Moisés passou quarenta dias de jejum no Monte Sinai, a sós com Deus.
Por outro lado, em Números, capitulo 14, versículo 33, o povo de Israel passou quarenta anos em êxodo pelo deserto rumo à Terra Prometida.
Já em 1 Reis, capitulo 19, versículo 8, o profeta Elias passou quarenta dias e quarenta noites caminhando até o Monte Horeb.
De modo que em Juízes, capítulo 3, versículo 11, relata que Israel viveu quarenta anos de paz sob os juízes.
E os reinados de Saul (Atos 13,21); de Davi (II Samuel 5,4-5) e de Salomão (I Reis 11,42), duraram quarenta anos, sendo os três primeiros reis de Israel.
Por outro lado Jonas profetizou quarenta dias de julgamento para que Nínive se arrependesse (Jonas capitulo 3, versículo 4).
Segundo Lucas, capítulo 2, versículo 22, Jesus Cristo foi levado por Maria e José ao templo quarenta dias após seu nascimento.
Então, Jesus Cristo recolhe-se no deserto por quarenta dias e quarenta noites, vide Mateus, capítulo 4, versículo 3; Marcos, capítulo 1 e versículo 1; Lucas, capítulo 4, versículo 2.
O carnaval nada tem haver com a paixão e morte Jesus Cristo, ele já existia antes do nascimento do Salvador, era uma festa pagã dedicada a Dionísio (deus do vinho).
Agora o carnaval como ele é hoje, é uma recriação ou restauração festeira do próprio Cristianismo.
O povo sai dos "trilhos" em suas ansiedades e desejos na libertinagem durante o carnaval.
A massa carnavalesca, principalmente, se sente neste período como se fosse os últimos três dias de vida.
A véspera do fim...
A curtição é o álibi para fazer "turismo" com direito para todas as alegrias normais e ou não.
A dança depende dos ritmos musicais.
A transformação mental de quaisquer maneiras, aulas budistas, retiros cristãos, desfiles "santos" e "profanos", renovação de energias espirituais e materiais. O que não faltam são justificativas para participar e ou não do carnaval.
É tempo de reflexão ou meditação, nem tudo está certo e ou errado, tudo é atemporal.
É a quarta-feira de cinzas o dia de ir a Igreja católica, receber uma cruz de cinzas na testa como arrependimento dos pecados. É a confissão da humildade cristã para ingressar no ciclo da quaresma, isto é dos quarenta dias que antecedem a paixão e morte de Jesus Cristo.
É assim um ritual de passagem da morte para vida eterna, tendo a ressurreição de Jesus Cristo como norte.
E até porque Jesus Cristo, depois da ressurreição fica quarenta dias na Terra no meio de nós, segundo Atos dos Apóstolos, capítulo 1, versículo 3.
O número quarenta é bíblico e profético...
Portanto, o número quarenta aparece na Bíblia Sagrada 142 (cento e quarenta e duas) vezes, simbolizando o período de provação em que Deus testa o homem, enquanto ser humano.
Isso é o fato que faz a humanidade viver de eventos durante cada ano, fazendo repetir as principais festas, umas de brincadeiras e outras não, tudo nos leva a crer, ainda por analogia, que são eventos do tipo paraíso "perdido" e "paraíso" recuperado. Ambos paraísos estão presentes na oração do Pai Nosso, segundo Jesus Cristo.
É tempo de arrependimento, o pós-carnaval e de lamentações (pedidos de absolvição dos pecados) durante a quaresma a Jesus Cristo e Ele perdoa a todos e a todas, indistintamente.