PARA UM ERUDITO E NOTÁVEL ENSAIO SOBRE JESUS DE BERNARD GONTIER.

Ontem cheguei em casa, estava desde quinta-feira em hotel próximo a hospital no Rio, em Copacabana, onde fiquei para evitar circular, diante de caótico trânsito do carnaval na Ponte Rio/Niterói, hospital onde minha neta de dezesseis anos fez cirurgia eletiva traçada fazer nessa idade, para corrigir em intervenção maravilhosa tanto quanto fantástica, escoliose congênita que não trazia dor nem atrapalhava sua vida normal como as das colegas desde que nasceu até hoje, mas necessária para evitar agravamentos em progressão futura.

Ao lado do novo e aparelhado hospital, surgido faz seis anos de um especialíssimo conglomerado hospitalar, está um dos mais antigos shopings do Brasil, assim considerado, na Rua Figueiredo Magalhães, inaugurado em 1960 por Juscelino Kubistchek, iniciado em 1953, Shoping Cidade de Copacabana, conhecido como Shopping dos Antiquários, projeto arrojado de Henrique Mindlin.

Por que falo isso? Primeiro para agradecer ao Bernard por dois fatos significativos, e ligados, a possibilidade de entrelaçar o fato à extrema alegria em que estou pelo sucesso da operação, e mostrar minha gratidão à Virgem Maria e seu Filho, e à coincidência de estar o hospital ao lado desse centro de antiquários que frequentei, local em que adquiri algumas imagens barrocas centenárias faz anos. Lá estava o Shoping de minhas Santas e Santos cujo colecionismo, controlado, é de fé, muito acima do gosto que tenho por essas peças.

Lá estava no Shoping Sant'Ana, avó de Jesus, o Jesus que minha neta motivou escrever p livro “A Inteligência de Cristo”, Sant'Ana que depois de espairecer pelo espaço, eu e minha mulher, cessada a aflição, o temor de que fomos tomados, diante da exitosa cirurgia, e nada encontrando de nosso interesse, nesse passeio de sublimação, surge esplendorosa de uma vitrine de antiquário, aos privilegiados olhos de minha mulher que com apuro distingue arte incomum, a imagem adquirida; Sant'Ana na sua beleza dourada do século dezoito lavrada.

Lá estávamos nós, os avós, fonte de grande e incondicional amor, diante da beleza da imagem de quem tanto amou e trouxe ao mundo a fonte de um amor inexcedível, Maria, a mãe Virgem das impurezas que faz rebrilhar o acolhimento e pacificação dos temores.

Bernard, você deve estar lembrado de um carnaval onde Khalil Gibran foi tema; o trago de volta nessa aleia de júbilo, gratidão e fé.

“Ana, A Mãe de Maria. Do nascimento de Jesus.

Jesus, o filho de minha filha, nasceu aqui em Nazaré, no mês de janeiro. Na noite em que Jesus nasceu fomos visitados por homens do Oriente, eram persas que vinham do Estraelon a caminho do Egito. Buscaram refúgio em nossa casa. Agradeceram a hospedagem e depois da ceia disseram: “Gostaríamos de ver o recém-nascido”. O filho de Maria era bonito, e ela também era formosa. E quando os persas viram Maria e seu bebê, tiraram ouro de seus sacos, e mirra e incenso, e puseram-nos aos pés da criança. Depois, prostaram-se e oraram em um idioma estranho que não compreendemos, andavam como que assombrados com o que tinham visto. Ao amanhecer despediram-se e seguiram para o Egito, mas antes de partir disseram: “A criança tem um só dia, mas vimos a luz de nosso Deus nos Seus Olhos e O Sorriso de nosso Deus nos Seus lábios.”

As vezes quando o punha na cama dizia Ele: “Dize a minha mãe e aos outros que somente meu corpo dormirá. Meu espírito estará com eles até que seus espíritos venham para meu amanhecer”. E muitas palavras assombrosas. Continuo a ouvir seus risos e os barulhos de suas correrias em minha casa. E todas as vezes que beijo as faces de minha filha, Sua fragrância volta ao meu coração, e parece-me que Seu corpo está nos meus braços. Mas é estranho que minha filha nunca fale sobre Ele. Talvez saiba o que não sei. Pudesse Ela contar-me o que sabe”. Khalil Gibran. Do livro “Jesus, O Filho do Homem.

Essa força conjugada na certeza no oceano das incertezas, de que somos todos Filhos de David, e que despontam nessa vinculações estranhas para nós, mas que se mostram significativas em momentos certos, em coincidências que não são coincidentes, pois a etiologia é sinal, alumbramento, que liga corações, emoções e fé, tudo traduzido em sua crônica com a erudição manifesta e notória, de sua lavra apossada pelo dom, inspirada, citando meu livro sobre Jesus, me dando essa honraria, e outros livros de altíssimo estofo, de Luis Djara e Jacó Filho, o que pela sinalização das convergências acende permanentemente o alerta de espaços ascendentes pouco conhecidos, mas chegados na evolução etérea da ascese que galvaniza a certeza na incerteza em que vivemos, magia do sentido que se materializa e se mostra pelos acontecimentos em simbiose. A simbiose de Jesus na humanidade, Pais, Mães, Filhos, Netos e avós, o grão da eternidade mutante espiritualmente pela força do amor.

E transcrevo um breve excerto de meu livro “A Inteligência de Cristo”.

“Não nasceu, portanto, o Cristo, para buscar ou tratar de particularidades pelo simples motivo de que é o centro da universalidade. Sua natalidade teve base em sua universal dimensão, pelo particular atingiu o universal, assim fazendo foi piedoso e generoso com alguns, particularmente, para refletir para todos.

Neste espaço sem fronteiras onde fala a todos em universalidade e para os tempos que se seguiriam após sua morte, para a posteridade, nasce a obra prima de Deus pelos lábios de seu filho, o Cristo, a demonstrar a vivência híbrida, em dualidade, material e espiritual, com seus desdobramentos na terra pelo ser humano, a indicar que a matéria é eterna em todas as possibilidades perenizadas de transformação, mas o espírito é um só.

Surge, eclode para o mundo, ecoa em todo o planeta na ampulheta do tempo a sonante e prodigiosa inteligência do maior tribuno de todas as épocas, um tratado de vida que Mahatma Gandhi, o grande pacifista, afirmou que se toda a literatura ocidental se perdesse e restasse apenas o Sermão da Montanha, nada se teria perdido. Tudo por haver um só fundamento na mensagem como um todo: o amor. Nasce dos lábios de Deus por seu Filho “O Sermão da Montanha”.

Com o povo atento que ouvia sob encantamento sua palavra, Jesus subiu num monte vendo a multidão e, sentando-se, Dele se aproximaram as testemunhas que seriam privilegiadas pelos maiores ensinamentos já ministrados, concentração de dogmas e princípios deixados ao entendimento e compreensão dos homens, permanecendo para o acatamento de todos as verdades dogmáticas encerradas no monumental “Sermão da Montanha” que abaixo consideraremos.

Era a mais completa suma, síntese de como devia viver o homem em grupo para alcançar a felicidade terrena possível, vivendo em paz uns com os outros e merecendo assim um outro espaço, a vida incorpórea eterna, onde não mais existiriam dor, sofrimento e morte.

Pelo “Sermão da Montanha” fica claríssimo e sem contraditórios aceitáveis que Jesus Cristo foi o mais sábio Espírito habitante do planeta na forma humana (inteligência, cultura e moral). Possuía comunicabilidade com forma que atingia a todos, o que se vê ainda nos dias atuais. Ensinava com plenitude de conteúdo nas parábolas, nos sermões, nas curas, nos diálogos tanto quanto nos atos e gestos. Proferia ensinamentos e procedia em seu perfil ritualístico, singelo e profundo, calcado e sustentado no sagrado ministério do exemplo antes de tudo. Retirar a torpe materialidade humana, desmaterializando o homem, humanizando-o e espiritualizando-o foi seu maior objetivo. Sua pregação moral de amor ao próximo desmascara o orgulho, repele a vaidade, expulsa o egoísmo, dando-nos esperança, coragem, fé e alegria de viver. O Sermão da Montanha é o ápice, o ponto mais alto dos valores humanos com os quais o convívio em geral alcançaria a paz e a felicidade ainda na breve passagem do ser humano sobre o planeta.”

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 19/02/2023
Código do texto: T7723000
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