Autobiografia de um iogue
A partir do momento que aprendi a ler, no começo do ano letivo do ensino básico, tornei-me um leitor voraz. Lembro-me de que nessa época, com sete anos de idade, eu saía para passear com a minha mãe e deixava-a tonta por não calar a boca, já que eu lia qualquer coisa que aparecia pela frente, placas, outdoors, linhas de ônibus, fachadas de supermercados e qualquer outra coisa que era feita de letras. Até que descobri que minha avó assinava o jornal e então comecei a me levantar antes do sol raiar, só para esperar o motoqueiro subir a lomba da minha rua e tocar o jornal por cima do portão. Às vezes eu ficava sem a minha leitura diária, graças a má pontaria do entregador que jogava o jornal em cima da casa.
Os anos foram passando e as notícias dos jornais já não pareciam mais me encantar . Chegou uma época em que eu apenas lia as notícias sobre esportes, principalmente aquelas acerca de futebol, paixão esta que continua até os dias de hoje; claro, não mais com a paixão fanática pelos clubes como o status quo faz impregnar desde muito cedo aos meninos, mas a arte do futebol ainda continua sendo para mim uma arte como qualquer outra, que transpõe o limite do esporte.
Acredito que foi com cerca dez ou onze anos de idade que li meu primeiro livro, não me recordando, no momento, o título da obra. Desde então os livros são meus companheiros inseparáveis.
Hoje em dia, eu tenho o costume de ler sessenta a oitenta páginas por dia, o que, confesso, ainda é pouco. O ideal seria ler cem a cento e vinte, mas, esta semana, eu concluí a leitura da obra “A autobiografia de um iogue”, de Paramahansa Yogananda, e essa média de páginas lidas foi superada. O livro contém quase oitocentas páginas e eu o li em quatro dias, ou seja, duzentas páginas diárias. Fato extraordinário nessa minha jornada de leitor.
Deparei-me pela primeira vez com essa obra em algum post ou vídeo na internet, o qual dizia que esta obra era a preferida de Steve Jobs, lida pelo criador da Apple uma vez por ano. Transcorrido bastante tempo após o conhecimento deste fato, comprei pela internet, uma versão em espanhol, que estava com um preço muito mais acessível que a em português, desse livro que é, realmente, digno de ser lido uma vez por ano por todos aqueles que queiram mergulhar em um aprofundamento em si mesmo e assim, quem sabe, se desapegarem de toda força egóica que, muito antes da psicanálise, já era do conhecimento de povos do oriente como sendo a principal causa dos malefícios humanos.
Resumidamente, o livro é o relato da vida e do percurso espiritual de Yogananda, através dos ensinamentos de grandes mestres iogues por meio da prática da Kryia yoga, uma arte milenar de meditação, conhecida apenas por muitos poucos mestres indianos e que, segundo essa tradição, Jesus Cristo fora praticante e, assim, um mestre yogui em seu mais elevado grau. Fica aqui a recomendação de uma obra que transcende tudo aquilo que a nossa vã filosofia ocidental desconhece.