Carnaval

Sei que as pessoas que não vivenciaram o carnaval, seja porque as famílias eram muito beatas ou repressoras, ou por não terem acesso a bailes e festas, podem não gostar. Mas isso não invalida a importância de uma tradição popular que ainda sobrevive, apesar de dizerem que os desfiles das escolas são indústria do carnaval, mas que , ainda assim, não deixa de ser algo nosso, onde muita gente se realiza e tem o seu convívio nas quadras das escolas, convívios que estão cada vez mais raros nos nossos tempos. E o que são senão expressões da nossa cultura?

Bom eu não sou tão velha pra ter vivido coisas na origem do carnaval, falo dos anos sessenta e setenta

Sei que no Rio e mesmo aqui no RS ainda se faz aquelas festas de blocos de bairros. Aqui é pouco, mas há algumas exceções.

Na cidade onde estou agora, na serra gaúcha, há poucos anos ainda houve desfiles de blocos de clube ou do povo mais humilde, tudo muito singelo mas com alegria e satisfação.

Quem tenta passar detergente nas expressões culturais do país e já o conseguiu com bastante sucesso, são os que desejam retirar a identidade que une o povo.

A televisão foi um grande ator nesse trabalho de padronizar comportamentos e apagar características de identidade regional. A televisão acabou com o cinema, onde pessoas se encontravam, acabou com as festas familiares , com a roda de conversa nas famílias. Aos poucos o diálogo cessou, as brincadeiras das crianças acabaram , as reuniões de jovens nas garagens ou nas casas ou nos clubes viraram passado.

O carnaval se deteriorou nessa mesma onda, resiste em raros locais.

Penso que fui privilegiada por ter vivido essa alegria por muitos anos

Comecei cedo, aos três anos, vestida de havaiana de papel crepom azul, fantasia feita pelo meu pai.

E fui colocada toda vaidosa em cima de uma mesa pra dançar.💙