AS COISAS QUE JÁ FIZ
Dias atrás postei no Facebook algo que copiei e colei do Perfil de uma das trocentas pessoas de sobrenome Scherer que tenho adicionados. Trata-se de uma lista de coisas que você fez ou não ao longo da vida, entre elas casar e separar, ter filhos, andar de avião, de ambulância e de barco, acampar, ir à praia, aparecer na TV e quase morrer.
Parece algo bobinho e é. Mas compartilhei e percebi que de todas as coisas listadas, já fiz boa parte delas. Apesar da minha depressão atual e de algumas frustrações no decorrer do período.
Não casei no papel, mas vivi uma união estável que durou quatro anos e no final acabamos separando. Depois disso, já me envolvi com outra pessoa e também não deu certo. O que trouxe sequelas e decepções e um atual abatimento, mas não me arrependo de nada. Sou responsável por todas as minhas decisões, as acertadas e as cagadas. E pela consequência delas.
Não tive filhos, mas adotei gatos. Não é a mesma coisa, claro que sei disso. Mas talvez eu não tenha preparo físico, emocional e financeiro para ser pai, então foi melhor assim.
Andei de avião para conhecer Belém do Pará, quando fui visitar o primeiro de meus namoros que não deu certo. Não era para ficarmos juntos e hoje eu sei, pela distância, pela diferença de idade, pela minha imaturidade e outras coisas. Mas também não me arrependo, pois andei de avião e conheci a outra ponta do país, logo eu que na época era um gaúcho xucro que mal e mal tinha saído de São Pedro uma ou duas vezes. Andei de barco nessa mesma viagem e de ambulância quando namorei uma caipira do interior de São Paulo e acompanhei ela em um procedimento na cidade vizinha. Ela foi na frente com o motorista e eu fui na parte de trás, como se fosse o paciente. Coisas de cidade pequena. Em tempo: o termo caipira não é pejorativo, pois ela própria se dizia assim. O relacionamento, só pra contrariar, também não deu certo. Talvez por que eu seja um tanto quanto complicado, ou só me interesse por mulheres tão complicadas quanto eu. Mas assumo as consequências novamente.
Já acampei e a melhor experiência foi quando toda a família passou uma noite na beira de um açude no interior de Dilermando de Aguiar. Só lastimo que nossa mãe não estivesse mais conosco, pois ela ia amar acampar na companhia de filhos e netos.
Não apareci na TV, para alívio das pessoas que assistem, mas falei no rádio por algumas vezes e acho que não me saí tão mal assim.
Já fui à praia e a melhor coisa foi ter conhecido o mar, que espero não morrer sem ver de novo.
E falando no termo bater as botas, acredito que quase morri por duas vezes. Uma foi aos 14 anos, quando caí de um pé de caqui. Nada grave, foi o resultado de uma congestão estomacal. Mas e se eu tivesse batido com o cabeção nas pedras ao invés de cair na grama? Não estaria aqui pra escrever esta crônica.
Na segunda vez, tive uma espécie de princípio de infarto ou algo assim, mas fui socorrido pelos bombeiros.
O que me leva à conclusão de que, apesar da depressão e das lamentações (internas, pois não costumo incomodar os outros com meu chororô), fiz coisas bem interessantes nesse meio século de insistência. Não cheguei nem aos pés da Glória Maria, que viajou o mundo todo e entrevistou todas as celebridades. Mas ela tinha talento, coragem e ainda era paga para isso.
Se eu sobrevivi ao tombo e ao infarto, algum propósito essa sobrevivência deve ter. Nem que seja pra ocupar espaço físico na terra e neste espaço, que tanto admiro.