A DANÇA DOS PÁSSAROS
Não existe nada mais leve, fluido e belo do que a dança em suas múltiplas variações. Homens e mulheres, com seus corpos maleáveis em contorções que vão evoluindo a cada ritmo, nos braços um do outro mas envolvidos pelos acordes cujas nuances lembram comandos sussurados para que voem sem sair do chão, rodopiem como se os dois fossem somente um e balancem em harmonia para o próprio deleite e o de quantos os assistem extasiados.
Dançar assemelha-se a falar com os corpos e esse maravilhoso diálogo de braços, pernas, troncos e cabeças em rebuliço vai além da dialética, extrapola o entendimento mútuo e se deslumbra a exemplo dos pavões exibindo suas majestosas plumagens lindamente coloridas. Mas as vozes que balbuciam e levam os dançarinos ao verdadeiro delírio fluem das notas musicais que, numa rapidez encantadora, vão entoando o som que apenas o coração de quem dança compreende.
Quem dança e faz isso bem, num ato de primorosa entrega ao ritmo, sem dúvida flutua e se torna parte integrante da melodia que comanda seus passos no salão. São pássaros humanos, ou borboletas entregues ao poder da brisa, talvez beija-flores visitando o jardim florido para nele sugar o precioso néctar que só os conhecedores de seu odor e sabor sabem onde procurar e encontrar.
Os pares que se abraçam em belos movimentos, a coreografia sem ensaios que protagonizam, o charme do rebolado improvisado e do balanço em sincronia tornam a dança um doce e agradável espetáculo para quantos presenciam o momento. E um delicioso namoro de almas embaladas pela beleza imorredoura formada pela perfeita junção das notas musicais.