A ALQUIMIA DA ARTE
Como uma criança que ainda não sabe ler nem escrever, garatujo uns rabiscos sem eira nem nem beira, sem começo e sem fim, aquela linha convexa trilhando sem rumo e topando com pontos traçados ao léu para restar em nada. Esse emaranhado de linhas ambidestras rodopia no papel em branco e na tela vazia do computador resultando em algo ininteligível que agrada somente aqueles cujo único papel na vida é amar essa criança sonhadora feliz por ver o sorriso de aprovação dos seus pais.
Nada representam tais rabiscos, são paralelas tortas indo a lugar nenhum e representando meramente os devaneios inocentes de quem ainda não conhece as coisas, os sentimentos, as curvas nas esquinas e enxerga um incomensurável ou cano de possibilidades completamente inexplicáveis ao seu prematuro intelecto. Sou esse menino atarantado, perdido por falta da mão paterna ou materna que o oriente e conduza, então desescrevo nos meus tracejos inúteis.
O que busco além de mim mesmo senão o prumo da estrada reta não bifurcada? Talvez jogando palavras à toa à guisa de tintas loucas ou brincando de riscar eu descubra o que realmente procuro. Porque nem mesmo eu sei. Ora, se não consigo nem fluir os pensamentos com vistas a, organizando-os, alcançar objetivos bobos, como lograrei expor as ideias que me povoam a mente? Contudo, atento à minha sina, rabisco, tento escrever, risco traços desconexos e continuarei lavando a alma na enxurrada de vocábulos incoerentes que meu próprio eu não entende, não sabe nem a finalidade de sua altura, largura e profundidade. Sou um menino que ainda não ganhou o aprendizado literário, garoto na escuridão do túnel querendo fazer arte sem saber