Humanizar-se

Qual a realidade que te cerca? Qual a realidade que te grita? O mundo pede socorro. Qual a causa social que você luta? Qual partido você escolhe? Qual a dança que você escolhe? Em que cidade você mora? Em qual sentimento você persiste? Em qual pergunta você encontrará a resposta? É difícil a chegada entre dois corpos, é um tilintar estrondoso da roda do trem com os trilhos, é o casco do navio com o choque das águas do mar. Mas está interligado com outro corpo é gota d'água caindo no oceano. É grito no ouvido de Bethoven. Quando há dois seres em uma única esfera tende a entender que existe uma orquestra acontecendo. Ninguém saberá quando o mercúrio do termômetro se expandirá, fazendo festas por onde passar, chamando pessoas para dançar e para cantar. Quem sabe em alguma noite de luar o amor saia para esfriar. E na primavera ele renascerá. E assim sendo qual será o tão esperado dia que os dois seres irá compartilhar com o mundo o que eles vieram para falar. Manoel de Barros brincou com as palavras fatigadas de informar. Virginia Woolf resolveu morar no consciente dos personagens fazendo eles expurgarem aquilo que queriam tanto exasperar. Jane Austen mostrou como as desilusões amorosas destroem as pessoas que as fazem chorar. E estes corpos que de alguma maneira foram concatenados decidiram que eles vieram para mostrar ao mundo o sentimento de amar, de morar no outro com o sentido de transformar a pessoa em baluarte para sair em rios a nadar, a mergulhar, a aprofundar-se no desconhecido do que é humanizar-se.