HORIZONTE SEM NAVIO (BVIW)
Tem dias que tudo é tão distante, tão sem sentido e eu tão sem palavras com a mão no queixo pensando em Rilke, que disse ... “A alma do outro é uma floresta escura”. Enquanto isso olho pela janela e vejo que não vai chover... A propósito, Rilke também disse que a solidão é como chuva e eu acrescento: com vento soprando forte.
Ora, pois! Também não é bem assim, confesso já tive o meu “você” e hoje tenho os meus dias de querer, de sentir saudade, de gostar, de não gostei, de já gostei ,de mensurar distância (entre o céu e a terra). Contudo, não me cabe dizer que no horizonte da minha vida para todos os lados é poente, é que às vezes eu sou assaltada por alguma saudade e se entra distância no meio, ai complica... Culpa desta minha alma vadia e tão Fernando Pessoa, que me faz viver amando tudo o que foi, tudo o que já não é, sem desconhecer, entretanto, que hoje é um outro dia e a dor de ontem já não me dói, quer dizer... Nem tanto. Além do mais, Passado? Apaga-se. O presente? Vive-se. O Futuro? Que venha, também será passado. Apaga-se.
Fico por aqui, eu e o mar, o horizonte sem navio, um lenço e ninguém para acenar...