Casa vazia ela se foi........
Depois da caminhada matinal, toca a campainha, chama o nome dela várias vezes e soltar um “tem alguém aí” de incomodar vizinhos, deu-se conta de que a casa estava vazia. Entrou para conferir se ela havia passado mal, ou, pior, encontrou-a estendida no chão da cozinha, sem vida.
Depois de ter tomado todas providências, feito um relatório detalhado a polícia, já sem ela em casa, encostou na porta. Como não tinham filhos(as). Ficou pensando que destino tomaria, uma casa grande vazia sem ela e aposentado ocioso.
Há tempo seu corpo teimava em não desfrutar de energia. Tomou remédios, mudou a alimentação e, depois de quase um ano de terapia convencional, rendeu-se às alternativas…. Nada!!.
Abri o pacote que estava na mesa e encontra vários medicamentos pressão alta, depressivos, analgésicos etc.
Arrastava-se pelos cômodos roçando o corpo em cada móvel que fazia parte de sua rota, a fim de sentir amparo para dar o passo seguinte. Demorava tanto a se servir, que a comida chegava morna no prato. O banho era responsável por uma conta de água digna de uma casa com cinco moradores.
Amiga de todos, uma senhora muito elegante que fazia reclamava de nada, quando faxineira aparecia uma vez por semana para limpeza mais pesadas, roupas muito suja, poeira no moveis nos locais alto e o que fosse preciso subir na escada, ela concordou deixar. Havia dias em que precisava chamar uma amiga para ajudá-la. “Dá nem pra imaginar o que descrever o que sinto aqui, menina!”.
Era sempre assim: de volta do trabalho, ao abrir a porta de casa, a energia sumia e se iniciava uma demorada labuta até finalmente se deitar em sua cama. O frágil vigor que ainda morava em seu corpo atendia somente às horas dedicadas a mim e logo se evaporava.
Organizava mentalmente a lista de afazeres do dia, começando com um chamado para evitar esquecimento na hora de encostar e trancar a porta. Repetia que seriam apenas algumas horas de necessário esforço, que logo estaria de volta.
Demorou-se um pouco mais que de costume para calçar os sapatos, dedicando-se primeiro a ajustar as meias nos pés. Porque não vim mais cedo! Aquelas meias, confortáveis e coloridas, que pareciam fazer as pessoas dançarem naquele comercial de televisão, ofereceram um rastro de prazer para quem raramente o sente.
Parecia sorrir, mas o sorriso desmaiou no quase curvar dos seus lábios.
Não percebi que estava precisando de ajuda…. Agora é tarde!!!!!!