MINHA CASA
Minha casa tem cheiro de mato, de flor de laranjeira, da goiabeira, da pitangueira, da rua das resedás brancas, rosas, lilases, que alguém trouxe da Índia e cultivou aqui.
Minha casa me remete à infância da ladeira dos altos da Sete, da mata densa do morro Lutzenberger.
Minha casa sou eu no passado.
Sou eu no presente.
É o sino da igreja tocando nos fins de tarde de inverno, de verão.
Minha casa enxerga todos os dias o sol nascer.
A lua sobre o Guaíba, o encantamento e o mistério que meus olhos guardam.
Minha casa marca minha trajetória.
Minha existência.
Minhas memórias que o porão sepultou.
Muitos dos sonhos que ainda quero sonhar.
Minha casa é a canção de Beto Guedes chamando para “a janela lateral do quarto de dormir”.
Minha casa tem um silêncio inocente e o agito de crianças a brincar.
Minha casa tem a memória dos tombos de bicicleta, das brincadeiras na rua.
Da nossa gritaria.
Das risadas das crianças que fomos.
Minha casa, meu espaço de amor.
Um dia vou te deixar para trás.
E tu ficarás guardada apenas na memória e no registro de fotos antigas.
Das cores que um dia foste: rosa, amarela, salmão, verde. Verde de saudade, verde de amor. Verde de lembranças infinitas.