COMPRANDO PASTA DE DENTE
Quando Fernando Henrique Cardoso era ministro da Fazenda de Itamar Franco, foi lançado o Plano Real, para derrotar a terrível inflação que solapava nossa Economia há muitos anos e tinha chegado a um nível insuportável. Com a ajuda de alguns de nossos economistas mais brilhantes, como Pedro Malan, Edmar Bacha, Pérsio Arida, Gustavo Franco, Armínio Fraga e outros, foi elaborado esse plano que se mostrou efetivo quase que imediatamente. Isso ocorreu em 1994. Coisa extraordinária! Um Real passou a ter a paridade de 1 Dólar.
Nesse cenário econômico, meu marido e eu, casal de trabalhadores da classe média, achamos que poderíamos realizar um sonho acalentado por muitos anos: conhecer alguns países europeus. Fizemos uma extensa pesquisa entre companhias de turismo, muitas contas para ver se nossa poupança seria suficiente e montamos um roteiro que nos satisfazia, dentro de nossas possibilidades, sem contrair dívidas. E lá fomos nós, durante o inverno quando os preços são mais acessíveis. Voamos direto para Barajas, Madrid. Ficamos alguns dias na Espanha e, de ônibus de turismo, fomos para a França atravessando os Pirineus, conhecendo as cidades ao longo do trajeto. Pernoitamos em Bordeaux e aí ficamos um dia, seguindo para Paris, onde permanecemos por 4 dias. No geral nos defendíamos bem com as línguas portuguesa e inglesa.
Em Paris tive um pequeno incidente que mostra quanto é difícil a comunicação quando não falamos a língua do país. Faltou-me pasta de dente e me dirigi a um grande supermercado Auchamps, perto do hotel onde estávamos hospedados. Procurei nas prateleiras e não encontrei. Então, dirigi-me a um funcionário perguntando por pasta de dente. Sem sucesso. Depois tentei toothpaste, em inglês. Nada! Não fui entendida e, finalmente, dirigi-me a outro funcionário. Tentei novamente, da mesma forma. Só quando usei mímica, como se estivesse a escovar os dentes foi que o rapaz, rindo, pronunciou a palavra mágica que eu não conhecia: dentifrice, satisfeito por ter, finalmente, acertado.