O relógio despertou as cinco da manhã e despenquei no chão. Como o deixei distante, e não queria que o condomínio inteiro tivesse obrigação de “ser fitness a qualquer custo”, acabei, afobada, caindo entre a cama e o guarda-roupas. A natureza é mais forte ao revelar, sem nenhum critério, meus predicados. Nada como um dia comum. Modo “Seu Madruga ativado”.
Não fosse o projeto “sarada” que adotei em 2023, nada disso teria acontecido. Mas como dizer pra Paula, coitada, que aquele discurso em frente à sala de spinning era pura “demagogia social”? Arrumei-me plena. A vida acontece lá fora! Dormir é pros fracos. Pensei em desistir umas 3 vezes, só nessa semana, que começou no domingo. Mas parece que minha consciência me deu umas chibatadas. Vou lá. Seja o que Deus quiser.
Como nada vem por acaso, a catraca resolveu me dar um “olé”. Estava me sentindo o Neymar, frente aos jogadores da Alemanha na copa do mundo de 2014. Entro e saio, abaixo e levanto, deixo mais um passar. Melhor chamar a recepcionista. Haja disposição para tanto contratempo. Ela veio rápido e, de repente: a catraca funcionou! Parecia uma magia da escola de Hogwarts.
A Laís veio mostrar o ‘shape” de quem faz da vida uma eterna renúncia: percentual de gordura 8. Nobres mortais que comem em pratos profundos não fazem parte desse seleto grupo e, nunca farão, se me entendem. Veio me dizer que preciso ter foco. Vi-me como uma câmera fotográfica em plena e potencial possibilidade de fotografar a lua. A frustração parece morar na academia e receber seus clientes de portas abertas. Olhei para os lados, coloquei o fone e ativei modo Richarlyson: pombos não cagam e andam? E fui caminhar na esteira, afinal, ser fitness é só um projeto e não uma sentença condenatória para cumprimento em regime fechado.