A atualidade de Rui Barbosa e Ayn Rand

É comum ouvirmos referência ao conhecido discurso de Rui Barbosa proferido na sessão do Senado de 17 de dezembro de 1914, pela sua mensagem sempre atual (infelizmente). Às vezes ele é mesclado com o poema de Cleide Canton, Sinto Vergonha de Mim, sem citação dos devidos créditos à escritora e como se fizesse parte do discurso de Rui.

Eis o trecho do discurso que virou “pregação no deserto (de homens honrados”:

“A falta de justiça, Srs. Senadores, é o grande mal da nossa terra, o mal dos males, a origem de todas as nossas infelicidades, a fonte de todo nosso descrédito, é a miséria suprema desta pobre nação.

A sua grande vergonha diante do estrangeiro, é aquilo que nos afasta os homens, os auxílios, os capitais.

A injustiça, Senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade, promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas.

De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.

Essa foi a obra da República nos últimos anos”.

O discurso foi motivado pela omissão do Governo Federal quanto a instauração de processo aos responsáveis pelo assassinato de “oito ou dez” marinheiros que haviam participado de uma revolta e sido desligados da Marinha. O fato ocorreu a bordo do navio mercante “Satélite”, quatro anos antes, que deveria levá-los para o norte do país.

Mas existe um texto atribuído a escritora americana de origem russa, Ayn Rand, que se encaixa tão bem na nossa realidade que chega a impressionar. Parece que a autora teve uma visão do futuro e fez uma profecia a nosso respeito.

Vejamos:

“Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em autossacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada.”

Este texto deveria ser colocado dentro de nossas bíblias e lido todos os dias para não esquecermos da situação vexatória e perigosa em que nos encontramos.

Argonio de Alexandria
Enviado por Argonio de Alexandria em 07/02/2023
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