Homem ou Cavalo?

Era uma vez um cavalo. Lindo Potro ! Como corcel, habilidoso. Carinhoso com seu dono. Domado. Como cavalo, era excelente. Um dia resolveu que não queria mais ser cavalo. Conhecia seus amigos da mesma espécie que eram agressivos e por isso eram açoitados. Resolveu se tornar homem. Mas, como seria possível um cavalo se tornar homem?

O cavalinho manso pergunta a coruja, a mais sábia de todos os animais. Esta o informa que ele deveria procurar a bruxa da floresta negra, que sabia como resolver o problema do cavalo.

Vai o potro todo empolgado, para a floresta negra. Chegando lá, encontra uma velha cabana. A bruxa já o esperava com um patuá na mão e em seu conteúdo havia um pó mágico.

A bruxa já sabia o que ele queria. Pediu que ficasse no centro da cabana que ela ia jogar o pó todo em seu corpo equino. E assim o fez. Porém, a pata traseira do cavalinho ficou enterrada no chão de areia da cabana. O pó cobriu todo o corpo menos a pata que ficou enterrada.

O potro se tornou um rapaz. Até que não era feio, mas um dos seus pés era uma pata de cavalo. Ele ficou feliz por ter se tornado homem, mas triste porque não era perfeito. Mas pensou: “Nada que um sapato não resolva”.

A bruxa o alertou que talvez ele não fosse continuar meigo como antes, porque o pó mágico poderia fazer seu humor se alterar. Mas ele estava tão alegre, mesmo com o "probleminha" no pé, que achou que NADA iria mudar seu humor.

Foi para cidade mais próxima, comprou uma alpercata e seguiu com sua nova vida de humano.

Enquanto cavalinho, não tinha interesse nas eguinhas do haras, mas, já que estava rapaz , trabalhando, conheceu uma moça e gostou dela. Logo ficaram noivos e se casaram.

Ele nunca tinha tirado as alpercatas perto de sua namorada, agora esposa. Na primeira noite juntos, ficou de luz apagada. No outro dia, calçou o sapato e a esposa recém-casada e feliz, pediu para que ele tirasse os sapatos. Ele tirou e ela viu o pé de cavalo dele. Começou a rir.... Ele num ímpeto de fúria foi pra cima dela e deu um coice na coitadinha.

A partir daí, sua vida conjugal tornou-se muito ruim, pois ele vivia com raiva porque não se achava normal, com aquele pé de cavalo. A sua esposa cansada de levar coices, se separou dele.

Mas, ele era bonito, tinha um bom papo. Resolveu casar de novo. Casou novamente com uma mulher que não conhecia seu “humor”. Coitada!... A mulher vivia levando coices do homem cavalo. Mas o amor era grande, ela suportou e suporta até hoje. Entre um coice e outro vivem felizes: Um homem cavalo e uma mulher burra.

EDNA SCHNEIDER LEMOS

05/02/2023