Pensei Escrever Uma Poesia

Minha letra,

Quando eu lecionava,

Às vezes, era péssima,

Mas de propósito.

Por que em todas as reuniões

De classe, de pais e mestres...

A secretária pensava

Em um professor de Português

Para escrever a Ata da reunião,

Então, a minha caligrafia

Deixava a desejar

Não desenhava as letras

Mas obedecia a Gramática.

Lecionava em três escolas,

Em todas, a escrita era igual.

Na lousa, um desenho,

Nas Atas, um garrancho.

E pensei desenhar as letras como se desenha uma poesia.

Sim, desenhar, letra por letra,

Como fazia na lousa

E de uma frase,

De uma oração, surgia uma aula,

Sem preparar um "script",

Pois, dominava boa parte da Gramática,

Desde o "a, e, i, o, u"

Até suas variações

Em gêneros, números,

Classe gramatical... Tonicidade,

Indo aos ricos objetos indiretos pleonásticos,

Extraindo desses, seus adjuntos adnominais...

Admirava mostrar aos jovens

As palavras e suas conotações,

Tais como, "Infelicíssimos",

Começando pela variação em número - o "s" do plural indica mais de uma criatura - o artigo definido, masculino "o" indica o gênero - o prefixo "in" indicando negação - o radical "feliz", adjetivo - mais o superlativo absoluto sintético - císsimo - tudo caminhava para destrinçar uma palavra em frase/oração: "mais de uma criatura do gênero masculino, não é feliz em seu grau máximo".

Pois é - hoje tanto faz, escrever/falar "pois é" ou escrever/falar "poizé" - alguns diplomas serão extintos mas a biblioteca sempre deverá ser consultada, para isso ela foi criada

E, também, para arquivar aquelas Atas daquele tempo, bem ou mal, feitas à mão.

(Desculpas aos Mestres por algum desvio).

Sangy
Enviado por Sangy em 04/02/2023
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