Fatídico dia.
A última vez que chorei muito. Foi depois da morte de meu algoz. Morreu sozinho, seminu, estirado ao chão, com um esgar de dor lancinante. Abandonado, sem alma restaram-lhe poucas coisas. Seu irmão chegou ao fim da tarde, pediu a filha uma lembrança, tomou-lhe a aliança... Zanguei-me pela liberalidade. Mas, enfim, era só bobagem... Aquele era o último ser humano que mais amei e, com quem, um dia, pensei em dividir toda a vida. Seu enterro foi pago por amigos, eu estava desguarnecida e, corria o risco do defunto seguir para o morgue. No dia seguinte, deu-se o enterro, não compareci. Estava ganhando um prêmio em Brasília. O último homem amado morto, parece se ter enterrado uma boa fatia emocional da humanidade. Você como qualquer criatura tinha predicados e advérbios... E, o principal foi ter conhecido o amor, partilhado uma parte da vida e prosseguir caminhando para o infinito até que chegue a fatídica hora.