Acabei de assistir o fime "Nossas Noites" com Robert Redford e Jane Fonda que estão sensacionais. O filme aborda a solidão na terceira idade. Os dois são viúvos e ela para diminuir o vazio, propõe a ele que durmam juntos todas as noites, mas sem romance ou sexo, apenas para um fazer companhia ao outro. O filme nos leva a uma importante reflexão: a solidão não é um privilégio de quem não formou uma família. Os dois personagens casaram, formaram família e estão sozinhos. Na verdade nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Essa é a realidade da vida.

          Algumas vezes já me perguntei como será o fim da minha vida, já que sou sozinho. Não sei, porque nem tenho certeza se serei um velhinho, então qual a razão de me preocupar com um futuro que pode nem acontecer? A vida é imprevisível. Não estou dizendo que temos de ser irresponsáveis com o futuro, mas a principal estratégia de enganar a solidão e gostar da nossa própria companhia. Construir uma vida que estejamos confortável nela, ludibria pensamentos nefastos de que  falhamos e evita que terminemos perdidos em nossa culpa.

          Em 1989 tive um relacionamento curto, porém muito intenso, que terminou por minha culpa. Fui medroso, covarde e quando ele sumiu, descobri que era o meu grande amor. Foi frustrante e até hoje me acuso por não ter lutado por ele e gostaria muito de reencontrá-lo. Minha vida após essa perda foi uma busca incessante para encontrar minha alma gêmea e claro, não funcionou. Ele era tudo que eu queria e deixei que fosse. Por ser corajoso, intenso e livre, ele me desafiou furando a bolha que eu vivia. Foi aí que eu bloqueei o nosso amor no meu coração. O pavor de mostrar quem eu realmente era, acionou um defesa em mim que culminou no fim do nosso namoro.

          A pergunta que me faço hoje é: será que se eu tivesse encarado nosso amor ainda estariámos juntos ou eu estaria como os personagens do filme? Desisti de encontrar minha alma gêmea. Chega. Não quero também alguém diferente de mim, nem relacionamento difícil com brigas que não me leva a lugar nenhum. Agora quero alguém semelhante a mim, que seja fácil de conviver, que eu não precise convencê-lo de nada e que sejamos cuidadosos e amorosos um com o outro. Não, nós não teremos um relacionamento tedioso, apenas viveremos nosso amor sem os duelos inerentes aos pares que tem gostos opostos. 

          Seremos o nobel da paz do amor.

José Raimundo Marques
Enviado por José Raimundo Marques em 02/02/2023
Reeditado em 02/02/2023
Código do texto: T7709411
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