Mudança

Sempre tive vontade de crescer, de viver como adulta, aproveitar a parte boa da vida, mal sabia eu que esta já havia escapado.

Sou do tipo de pessoa que se arrasta e dilacera em ansiedade antes de se adaptar com alguma coisa, mudar é desconfortável demais para o meu cérebro pequeno que habita um corpo inteiro. Embora eu diga aos quatro cantos que mudanças são inerentes ao ser humano, me vejo em ruínas sempre que a vida se atropela.

Gosto de pisar em chão firme, é isso que me dá paz e devolve a minha respiração, porém a realidade me convence cada vez mais que não é o mundo que muda demais, mas sou eu que aceito de menos as consequências do meu ontem.

Queria saber se crescer implica aceitar tudo que está aí por estar e viver minha vida conforme for, me equilibrando nas pedras soltas de uma estrada que nunca levou a lugar nenhum.

Permeio as emoções, vejo os mesmos filmes, escuto as mesmas músicas, peço desculpa às mesmas pessoas, revivo um milhão de vezes o dia… Tudo isso, tentando dar ao agora uma segurança que não existe, nunca existirá.

Preciso me orientar, de uma forma ou de outra, parar de extrair dor de cada fragmento do meu dia que solidifica o resultado das minhas escolhas. Deixar de andar infeliz seria um começo para acalmar as minhas agonias internas que explodem pelos olhos.