JESUS CRISTO SIM, JE$U$ CRI$TO NÃO (OS NOVOS VENDILHÕES DO TEMPLO)
“Templo é dinheiro”
(Desconhecido)
Estava pela manhã passeando pelas ruas de Ouro Preto. Um clima gostoso e ameno a pairar naquela hora, um pouco cinzento, característico e peculiar, e a que se fazia presente.
Tinha ido à missa na igreja de Nossa Senhora do Carmo, no que acompanhei a celebração litúrgica daquele dia. Após a benção final pronunciada pelo padre, saí do templo, onde fiquei a contemplar a atmosfera mística daquela cidade. A que bastava girar totalmente a cabeça no que em todo o canto se avistava uma igreja histórica (entre suas ruas e ladeiras).
Olhei para trás onde percebi que na entrada da igreja à qual saíra uma mesa era posta, juntamente com uma pequena fita (a simbolizar uma roleta). Aproximei-me d’àquela cena em que não pude deixar de perceber um cartaz em que [nele] estava escrito: “Valor do ingresso: R$ 10,00 (algo mais ou menos hoje em torno de US 1,00 [1 dólar]).
Bom, na verdade eu já tinha conhecimento de que era cobrado uma taxa para entrar nas igrejas (fora do horário das missas). Um comércio a que se faz igualmente em outras cidades históricas e que já foi inclusive motivo de discussão. Encontrei um amigo meu (e morador daquela cidade) naquela hora onde o convidei para uma prosa sobre o que ele achava daquilo, se para ele era certo ou não.
E assim começamos nosso diálogo:
- Qual a sua opinião no que se faz aqui em cobrar para entrar (fora do horário de missas) nas igrejas? – Perguntei-lhe, pois.
- Meu amigo, o que vês de errado nisto? O mundo gira em função de dinheiro, onde cada um vive de seu comércio. Não vejo nada que mereça ser censurado. – Respondeu-me desta forma.
- Ah! Então o “espírito capitalista” invadiu aqui também, nas “casas de Deus”! – Em que assim ironicamente afirmei.
- Bom, pelo jeito você deve ser comunista, não? Considerando que não aprova a “liberdade de comércio”, ainda que seja nas igrejas.
- Comunista eu só porque disse “espírito capitalista”? Acredito que estás equivocado a meu respeito. Não sou o que pensas, como também não levanto bandeira para nenhuma ideologia política. E aqui você me fez lembrar o grande Alan Watts quando certa vez disse: “Quem não concorda com os comunistas é chamado de capitalista e vice versa, e alguém que não concorde com nenhum dos dois pontos de vista está começando a ficar ininteligível”. – Dizendo ao meu amigo.
- Mas ninguém é obrigado a visitar nenhuma igreja. – Tentando assim defender o seu parecer.
- Vejamos bem, o mundo comercial se faz em função não somente de necessidades, às quais com elas se barganham, mas também de desejos (desnecessários). Aceitar a cobrança da taxa é como lembrar o que afirmou certa vez o filósofo Jean-Jacques Rousseau: “O primeiro homem que inventou de cercar uma parcela de terra e dizer ‘isto é meu’, [...] , foi o autêntico fundador da sociedade civil. De quantos crimes, guerras, assassínios, desgraças e horrores teria livrado a humanidade se aquele, arrancando as cercas, tivesse gritado: Não, impostor”. Ou você não concorda com o que ele disse? - Perguntei-lhe, então.
- Bom, mas não é também o que fazem tantas outras igrejas quando prometem aos seus fiéis uma vida de riquezas e confortos materiais mediante o pagamento de seus dízimos e ofertas? – No que tentou justificar o seu ponto de vista.
- Meu caro, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Aquilo que se vê naqueles templos é o que se denomina “teologia da prosperidade”, e sendo muito comum nos atuais dias. Contudo, trata-se de uma “indecência escancarada”. Oh! E são muitos charlatães e picaretas os que assim praticam a mencionada “teologia”. Agora, tentar colocar na cabeça dos fiéis que alguém está passando a perna neles é muito difícil.
É uma guerra que só pode ser vencida se as pessoas não abrissem mão da inteligência. Pois então, eu sei muito bem que todo mundo está “desesperado”, e dado a esta condição, qualquer um que tenha uma “boa lábia”, a partir de promessas ilusórias, faz o que bem quiser com “as ovelhas de seu rebanho”. – E aqui eu já estava dizendo em tom de revolta.
- É verdade! As pessoas são facilmente exploradas, e nem se dão por conta disso. E se elas vão aos seus templos não é para pedir fé, mas, sim dinheiro. Ou melhor, “muito, mas muito dinheiro” na “aplicação” de seus dízimos com suas igrejas. – Concluindo deste modo o meu amigo.
- Oh! E quanto à espiritualidade, será que ela não importa? – Onde perguntei em tom de ironia.
- Ah! Espiritualidade, meu querido, é algo que passa longe da cabeça de qualquer fiel. Ninguém ali está pensando e muito menos desejando o chamado “reino dos céus”. A consciência deles é puramente temporal e mundana. Mas, no que se faz em termos de cobrar para visitar as igrejas históricas não se trata, na verdade, de praticar a “teologia da prosperidade”. – Argumentou meu amigo.
- Eu sei que não é, no entanto é tão indecente quanto ao que se faz a partir de envios de boletos para diversas casas, tendo no envelope um livrinho de oração ou uma medalhinha, sugestionando a quem recebe para pagar a fatura. A lembrar bem a antiga “teologia do medo”, que tanto escravizou milhões de fiéis no passado. No estilo assim: “se você não pagar o boleto Deus irá te castigar”, ou "se fizer aquilo irá pra o inferno". Bom, retornemos à cobrança da entrada nas igrejas. Os valores diferem de uma igreja para outra? E o que diz sobre isto o bispo da cidade? – Perguntei-lhe mais uma vez.
- Todas as igrejas cobram o mesmo valor, pelo menos aqui em Ouro Preto. E como ninguém quanto a isto reclamou, é deixado quieto. – Respondeu-me.
- Vejamos bem se eu entendi: se todas cobram um único e igual valor, não estaria havendo uma espécie de “cartel” entre elas? E se o bispo local nada posiciona eu tomo isto como uma “aceitação de sua parte” para essa pouca vergonha. Ou seja, uma atitude de conivência [por parte dele].
- Caríssimo, as igrejas cobram tais taxas como uma saída para poderem manter o seu patrimônio físico, já que entre católicos são poucos os que dão seus dízimos. Pelo amor de Deus, tente compreender isto.
- Ok! tudo bem, mas não seria melhor que nas entradas pudesse ser colocando então: “devido ao grande número de turistas a visitarem nossas igrejas, estamos pedindo uma colaboração voluntária visando a manutenção e conservação [da igreja], ou a poder ser feito mediante produtos de limpeza, alimentos, etc.?” E, assim, nada de cobrança de valores estipulados. Aliás, eu gostaria de saber qual é o critério definido com relação ao valor da taxa de entrada. Já que de tempos em tempos elas aumentam. – Questionei-o, então.
- Que eu saiba não há critério algum. Mas a verdade é que o brasileiro não consegue viver sem inflação. – Respondeu-me rindo.
- Sendo assim, nada de parâmetros baseados na inflação, preço do dólar, do barril de petróleo, etc. Ou seja, eles fazem os preços que querem, sem nenhum critério, e quem quiser que pague pela oferta, não é assim? Definitivamente não concordo com isto. Aceito pagar para assistir um espetáculo, ver uma peça de teatro, ou até mesmo para entrar em uma boate de show de striptease, mas pagar um ingresso para visitar uma igreja, definitivamente eu não acho isto certo. Aliás, o que eu vejo aqui é, na verdade, uma "máquina de fazer de dinheiro".
- Bom, meu amigo, é o “mundo em que vivemos”, onde o que [nele] manda é o dinheiro e o poder!...
- Pois bem, que eu saiba, até o próprio Papa Francisco se mostrou contra o que se faz em função do “abuso comercial” em muitas paróquias. No que em suas palavras ele afirma que muitas igrejas se transformaram em “casas de negócios”. Lembro-me muito bem em uma de suas homilias: "Penso no escândalo que podemos fazer ao povo com a nossa atitude, com os nossos hábitos não sacerdotais no templo: o escândalo do comércio, o escândalo da ‘mundanidade’. Quantas vezes vemos que, entrando em uma igreja, ainda hoje, há ali a lista dos preços para batizados, bênçãos, intenções de missa". Oh! E não é? Pois é, meu amigo, e pensar que houve uma época em que um tal de Martinho Lutero ficou indignado com a conduta da Igreja, principalmente por causa das vergonhosas cobranças de indulgências! E a igreja se “justificava” que tal era feito como uma forma de troca pelo “perdão dos pecados”. Ou, em outras palavras, uma “barganha” espiritual e abstrata, mas a que se realizava com um dinheiro concreto.
Mas, voltando ao Papa Francisco, ele é enfático em não exigir cobranças em nada do que se faz nas igrejas. E em novembro de 2019 ele deixou bem claro a sua visão: "é importante a obra de sensibilização dos fiéis, para que contribuam livremente às necessidades da paróquia, que são ‘coisa sua’ e da qual é bom que aprendam espontaneamente a ter cuidado, em especial modo, naqueles países onde a oferta da Santa Missa é ainda a única fonte de sustento para os sacerdotes e também de recursos para a evangelização”.
Ou em poucas palavras: no que se refere a “dinheiro” tudo deve ser feito de forma “voluntária”. E completa: “E nisso nosso Deus sempre nos convida assim, não nos faz pagar a entrada. Nas festas verdadeiras, a entrada não é paga: o proprietário paga, quem convida paga”.
E naquele instante eu percebi que uma pessoa tentou pagar com cartão de crédito (ou débito), todavia não foi aceito aquela forma de pagamento, no que lhe foi barrada a entrada no templo.
Ah, se Jesus estivesse aqui nesta hora! Quantas chicotadas iria dar em tantos lombos de exploradores e indecentes [que se dizem cristãos]!...
E interessante que no Museu da Inconfidência não se cobrava para entrar. E é uma entidade leiga! Pois é! Mais uma razão para Jesus lascar o chicote naqueles... "novos vendilhões do templo". Ah, melhor deixar p’ra lá!
01/02/2023
IMAGENS: INTERNET
MÚSICA: “TEMPLO É DINHEIRO” - Marcos Biesek
https://www.youtube.com/watch?v=X44ig1LJh3c
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SOMENTE O TEXTO:
JESUS CRISTO SIM, JE$U$ CRI$TO NÃO (OS NOVOS VENDILHÕES DO TEMPLO)
“Templo é dinheiro”
(Desconhecido)
Estava pela manhã passeando pelas ruas de Ouro Preto. Um clima gostoso e ameno a pairar naquela hora, um pouco cinzento, característico e peculiar, e a que se fazia presente.
Tinha ido à missa na igreja de Nossa Senhora do Carmo, no que acompanhei a celebração litúrgica daquele dia. Após a benção final pronunciada pelo padre, saí do templo, onde fiquei a contemplar a atmosfera mística daquela cidade. A que bastava girar totalmente a cabeça no que em todo o canto se avistava uma igreja histórica (entre suas ruas e ladeiras).
Olhei para trás onde percebi que na entrada da igreja à qual saíra uma mesa era posta, juntamente com uma pequena fita (a simbolizar uma roleta). Aproximei-me d’àquela cena em que não pude deixar de perceber um cartaz em que [nele] estava escrito: “Valor do ingresso: R$ 10,00 (algo mais ou menos hoje em torno de US 1,00 [1 dólar]).
Bom, na verdade eu já tinha conhecimento de que era cobrado uma taxa para entrar nas igrejas (fora do horário das missas). Um comércio a que se faz igualmente em outras cidades históricas e que já foi inclusive motivo de discussão. Encontrei um amigo meu (e morador daquela cidade) naquela hora onde o convidei para uma prosa sobre o que ele achava daquilo, se para ele era certo ou não.
E assim começamos nosso diálogo:
- Qual a sua opinião no que se faz aqui em cobrar para entrar (fora do horário de missas) nas igrejas? – Perguntei-lhe, pois.
- Meu amigo, o que vês de errado nisto? O mundo gira em função de dinheiro, onde cada um vive de seu comércio. Não vejo nada que mereça ser censurado. – Respondeu-me desta forma.
- Ah! Então o “espírito capitalista” invadiu aqui também, nas “casas de Deus”! – Em que assim ironicamente afirmei.
- Bom, pelo jeito você deve ser comunista, não? Considerando que não aprova a “liberdade de comércio”, ainda que seja nas igrejas.
- Comunista eu só porque disse “espírito capitalista”? Acredito que estás equivocado a meu respeito. Não sou o que pensas, como também não levanto bandeira para nenhuma ideologia política. E aqui você me fez lembrar o grande Alan Watts quando certa vez disse: “Quem não concorda com os comunistas é chamado de capitalista e vice versa, e alguém que não concorde com nenhum dos dois pontos de vista está começando a ficar ininteligível”. – Dizendo ao meu amigo.
- Mas ninguém é obrigado a visitar nenhuma igreja. – Tentando assim defender o seu parecer.
- Vejamos bem, o mundo comercial se faz em função não somente de necessidades, às quais com elas se barganham, mas também de desejos (desnecessários). Aceitar a cobrança da taxa é como lembrar o que afirmou certa vez o filósofo Jean-Jacques Rousseau: “O primeiro homem que inventou de cercar uma parcela de terra e dizer ‘isto é meu’, [...] , foi o autêntico fundador da sociedade civil. De quantos crimes, guerras, assassínios, desgraças e horrores teria livrado a humanidade se aquele, arrancando as cercas, tivesse gritado: Não, impostor”. Ou você não concorda com o que ele disse? - Perguntei-lhe, então.
- Bom, mas não é também o que fazem tantas outras igrejas quando prometem aos seus fiéis uma vida de riquezas e confortos materiais mediante o pagamento de seus dízimos e ofertas? – No que tentou justificar o seu ponto de vista.
- Meu caro, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Aquilo que se vê naqueles templos é o que se denomina “teologia da prosperidade”, e sendo muito comum nos atuais dias. Contudo, trata-se de uma “indecência escancarada”. Oh! E são muitos charlatães e picaretas os que assim praticam a mencionada “teologia”. Agora, tentar colocar na cabeça dos fiéis que alguém está passando a perna neles é muito difícil.
É uma guerra que só pode ser vencida se as pessoas não abrissem mão da inteligência. Pois então, eu sei muito bem que todo mundo está “desesperado”, e dado a esta condição, qualquer um que tenha uma “boa lábia”, a partir de promessas ilusórias, faz o que bem quiser com “as ovelhas de seu rebanho”. – E aqui eu já estava dizendo em tom de revolta.
- É verdade! As pessoas são facilmente exploradas, e nem se dão por conta disso. E se elas vão aos seus templos não é para pedir fé, mas, sim dinheiro. Ou melhor, “muito, mas muito dinheiro” na “aplicação” de seus dízimos com suas igrejas. – Concluindo deste modo o meu amigo.
- Oh! E quanto à espiritualidade, será que ela não importa? – Onde perguntei em tom de ironia.
- Ah! Espiritualidade, meu querido, é algo que passa longe da cabeça de qualquer fiel. Ninguém ali está pensando e muito menos desejando o chamado “reino dos céus”. A consciência deles é puramente temporal e mundana. Mas, no que se faz em termos de cobrar para visitar as igrejas históricas não se trata, na verdade, de praticar a “teologia da prosperidade”. – Argumentou meu amigo.
- Eu sei que não é, no entanto é tão indecente quanto ao que se faz a partir de envios de boletos para diversas casas, tendo no envelope um livrinho de oração ou uma medalhinha, sugestionando a quem recebe para pagar a fatura. A lembrar bem a antiga “teologia do medo”, que tanto escravizou milhões de fiéis no passado. No estilo assim: “se você não pagar o boleto Deus irá te castigar”, ou "se fizer aquilo irá pra o inferno". Bom, retornemos à cobrança da entrada nas igrejas. Os valores diferem de uma igreja para outra? E o que diz sobre isto o bispo da cidade? – Perguntei-lhe mais uma vez.
- Todas as igrejas cobram o mesmo valor, pelo menos aqui em Ouro Preto. E como ninguém quanto a isto reclamou, é deixado quieto. – Respondeu-me.
- Vejamos bem se eu entendi: se todas cobram um único e igual valor, não estaria havendo uma espécie de “cartel” entre elas? E se o bispo local nada posiciona eu tomo isto como uma “aceitação de sua parte” para essa pouca vergonha. Ou seja, uma atitude de conivência [por parte dele].
- Caríssimo, as igrejas cobram tais taxas como uma saída para poderem manter o seu patrimônio físico, já que entre católicos são poucos os que dão seus dízimos. Pelo amor de Deus, tente compreender isto.
- Ok! tudo bem, mas não seria melhor que nas entradas pudesse ser colocando então: “devido ao grande número de turistas a visitarem nossas igrejas, estamos pedindo uma colaboração voluntária visando a manutenção e conservação [da igreja], ou a poder ser feito mediante produtos de limpeza, alimentos, etc.?” E, assim, nada de cobrança de valores estipulados. Aliás, eu gostaria de saber qual é o critério definido com relação ao valor da taxa de entrada. Já que de tempos em tempos elas aumentam. – Questionei-o, então.
- Que eu saiba não há critério algum. Mas a verdade é que o brasileiro não consegue viver sem inflação. – Respondeu-me rindo.
- Sendo assim, nada de parâmetros baseados na inflação, preço do dólar, do barril de petróleo, etc. Ou seja, eles fazem os preços que querem, sem nenhum critério, e quem quiser que pague pela oferta, não é assim? Definitivamente não concordo com isto. Aceito pagar para assistir um espetáculo, ver uma peça de teatro, ou até mesmo para entrar em uma boate de show de striptease, mas pagar um ingresso para visitar uma igreja, definitivamente eu não acho isto certo. Aliás, o que eu vejo aqui é, na verdade, uma "máquina de fazer de dinheiro".
- Bom, meu amigo, é o “mundo em que vivemos”, onde o que [nele] manda é o dinheiro e o poder!...
- Pois bem, que eu saiba, até o próprio Papa Francisco se mostrou contra o que se faz em função do “abuso comercial” em muitas paróquias. No que em suas palavras ele afirma que muitas igrejas se transformaram em “casas de negócios”. Lembro-me muito bem em uma de suas homilias: "Penso no escândalo que podemos fazer ao povo com a nossa atitude, com os nossos hábitos não sacerdotais no templo: o escândalo do comércio, o escândalo da ‘mundanidade’. Quantas vezes vemos que, entrando em uma igreja, ainda hoje, há ali a lista dos preços para batizados, bênçãos, intenções de missa". Oh! E não é? Pois é, meu amigo, e pensar que houve uma época em que um tal de Martinho Lutero ficou indignado com a conduta da Igreja, principalmente por causa das vergonhosas cobranças de indulgências! E a igreja se “justificava” que tal era feito como uma forma de troca pelo “perdão dos pecados”. Ou, em outras palavras, uma “barganha” espiritual e abstrata, mas a que se realizava com um dinheiro concreto.
Mas, voltando ao Papa Francisco, ele é enfático em não exigir cobranças em nada do que se faz nas igrejas. E em novembro de 2019 ele deixou bem claro a sua visão: "é importante a obra de sensibilização dos fiéis, para que contribuam livremente às necessidades da paróquia, que são ‘coisa sua’ e da qual é bom que aprendam espontaneamente a ter cuidado, em especial modo, naqueles países onde a oferta da Santa Missa é ainda a única fonte de sustento para os sacerdotes e também de recursos para a evangelização”.
Ou em poucas palavras: no que se refere a “dinheiro” tudo deve ser feito de forma “voluntária”. E completa: “E nisso nosso Deus sempre nos convida assim, não nos faz pagar a entrada. Nas festas verdadeiras, a entrada não é paga: o proprietário paga, quem convida paga”.
E naquele instante eu percebi que uma pessoa tentou pagar com cartão de crédito (ou débito), todavia não foi aceito aquela forma de pagamento, no que lhe foi barrada a entrada no templo.
Ah, se Jesus estivesse aqui nesta hora! Quantas chicotadas iria dar em tantos lombos de exploradores e indecentes [que se dizem cristãos]!...
E interessante que no Museu da Inconfidência não se cobrava para entrar. E é uma entidade leiga! Pois é! Mais uma razão para Jesus lascar o chicote naqueles... "novos vendilhões do templo". Ah, melhor deixar p’ra lá!
01/02/2023