Gente medrosa
Gente estranha essa da sociedade do caos e da cultura do medo; São pessoas tão previsíveis. E a oportunidade faz a ocasião, assim diz o ditado, e desse modo o medroso vem se perpetuando. Ele evita o confronto direto, silencia as palavras, mas não pensa duas vezes quando o assunto é apontar o defeito do outro ou destruí-lo. A pessoa dissimulada não levanta a voz, quase nunca faz alarde, entretanto, serpenteia para destilar veneno. Não se impressione com uma voz macia e suave, nem com o jeito simplório de ser, debaixo da lã tem um couro resistente. O mandacaru também floresce. O problema é que a sociedade do caos não dá espaço para um meio termo; é tudo ou nada. Neste sentido, a vida segue o fluxo atropelando os mais fracos de mente, pois eles não têm uma opinião formada; precisam apoiar-se numa base que favoreça seus interesses. Diferente do bocudo - aquele que abre a boca, não para falar de alguém, e sim para defender seu ponto de vista - que retruca por não ser discípulo do sim senhor. Não me refiro aqui ao portador da vida alheia, conhecido vulgarmente como fofoqueiro; esse é o covarde. Estou falando do corajoso, destemido, e até sincero quanto às críticas e às colocações mesmo com prejuízo do humor. Sabe como é, nem Jesus Cristo agradou, imagine quem fala pela frente. Certas verdades não precisam estar estampadas feito chita, não o tempo todo. E a subjetividade não deve ser encarada como consulta pública; o que você acha é um particular seu, não retrata o universo de alguém. Agora, bancar o Judas é fogareiro. Aproximar-se do outro com interesse de obtenção de vantagem não é nada legal; parece uma infração de tão obsceno. Ao invés de ficar em cima do muro lamentando o sucesso do outro, refutando suas vitórias, capacite-se. Porque só assim, de igual para igual, irá entender o que é ser vencedor; vítima, nunca.
Jaciara Dias