Texto, contexto e pretexto
Resolvi te escrever porque as coisas são o que são,e ainda que você não lesse, esse texto existiria.
E agora,depois de escrito, esse texto já não me pertence.
Assim como o texto não me pertence, a textura do silêncio que entrecorta o olhar, também não.
Assim como o olhar, os gestos sincronizados sem ensaio.
Assim como os gestos, o riso.
Assim como o riso, o choro.
Nada disso é meu.
Nem o texto.
Porque, se o que escrevo tem valor, não sou eu que o possui. Tudo isso é independente da minha vontade.
Um texto é só um texto.
Veja, quando olhamos um pássaro , ele por si, não tem cor alguma.
É a cor que ganha cor por estar naquelas asas.
É o movimento que ganha vida de sentido por ter, ele, o impulso de se mover.
O pássaro é um passaro.
Se ele não quisesse, não haveria a sua cor, nem o seu movimento.
Por isso, o texto é só um texto.
E é isso que lhe basta.
Porque ele é tudo o que é, mesmo sem saber aquilo que pode ser