A casa de Hilda
Na casa de Hilda não se ouve o barulho provocado por crianças.
Não se ouve a música alegre dos folguedos, não se ouve risos,
não se canta o amor em poesias.
Na casa de Hilda também não tem correrias , tudo é muito vagaroso,
silencioso... Os muros altos, as paredes frias, os movimentos mecânicos.
Na casa de Hilda às horas são longas, o tempo se arrasta lentamente.
Para Hilda e os demais habitantes da casa isso não importa, afinal
nenhum deles vive o tempo real, não se preocupam com o que virá,
mas vivem, pensam no tempo que já se foi, que já passou.
Nenhum deles vive dentro dos muros físicos com exceção do corpo, os
muros físicos não limitam a mente.
A mente vive não apenas fora dos muros, vive também no mais longínquos
tempos idos....
Hilda ... sentada em sua cadeira de rodas, traz uma larga tiara de fitas azuis
nos cabelos cor de perolas ... que contraste.
Quando jovem Hilda devia ser muito bonita e atraente.
Amável nas palavras e dona de um sorriso encantador que ofertava as
pessoas que dela se aproximavam. Hilda recebe uma flor branca, uma
petúnia que de um visitante ; coloca no decote de seu vestido de luto,
que gesto!!! Ela é uma dama , sorri agradecida e em um gesto surpreendente
beija a mão do cavalheiro que lhe deu a flor e daqueles lábios saem doces
palavras: -"que o senhor seja feliz com sua amada".
Tina Rosa
Casa de Repouso SVP
Lins 27/08/2016