NADA DE LABIRINTO NADA DE TREVAS  (BVIW)

 

 

E lá ia eu meio desarvorada,  me sentindo o  próprio Teseu, buscando dentro da contemporaneidade a minha sobrevivência,  caminhando por entre o Labirinto de Tebas em busca do Minotauro, vencê-lo  e salvar a bela Ariadne. Não é nada disso! Estou é perdida  de tão injuriada que ando com este mundinho, - sem no entanto fazer nada para consertá-lo –  . E, com ares de filósofa, querendo me achar, querendo a verdade das coisas, me ponho a andar dentro do meu próprio labirinto . Nessa caminhada prendi um pé num emaranhado de vísceras, chutei um útero, pisei um rim, fui imprensada entre dois pulmões ,tropecei num pâncreas caí em cima de um baço, deslizei num fígado, esmaguei uma vesícula, até  chegar ao centro da cavidade torácica,  onde percebi um órgão  com duas câmaras uma superior que se dilatava quando recebia sangue e a outra inferior que se contraía quando ejetava esse sangue.  Fiquei observando aquilo, sabia que era o coração, então, pensei... Será que  os meus sentimentos, as minhas verdades, os meus amores, as minhas saudades, as minhas lembranças, as minhas tristezas, as minhas alegrias, os meus momentos felizes estão  dentro dele?

...E tudo não passou de  um sonho. Quando acordei, ao meu redor , nada de labirinto ,nada de trevas e sim, luz e os meus amados.

                     

               

 

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 31/01/2023
Reeditado em 31/01/2023
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