Revisitando Darwin

REVISITANDO DARWIN (*)

Há alguns dias foram mostradas na televisão imagens de uma das macacas de um zoológico em Israel que se locomovia ereta sobre duas patas, como os humanos. O comentário a respeito era que a nova forma de locomoção da macaca decorreria do fato de o seu cérebro ter sido afetado por maciças doses de medicamentos, que lhe foram ministrados com o objetivo de curar uma forte gripe que a acometera.

Entre pasmo, estarrecido, estupefato e, por fim, apavorado, concluí que, se ainda há dúvidas a respeito, estamos diante de uma cabal, irretorquível e insofismável prova da teoria de Darwin! O homem descende realmente do macaco. O bombástico é que, a ser verdade a relação de causa e efeito entre o cérebro afetado e a forma de locomoção da macaca, o homem é uma involução do macaco e não uma evolução como sempre se pensou. A inteligência passa a ser um subproduto do cérebro; coisa de macaco demente.

Pensando bem, essa conclusão torna bem mais compreensíveis algumas coisas que o homem tem feito no mundo ao longo da história.

Ao sair do estágio macaco, com o desenvolvimento da inteligência, o homem, por exemplo, transformou simples pedras em lâminas mortíferas e pedaços de árvores em tacapes, aríetes, flechas e lanças. Com a inteligência, construiu cercas e muros; criou fossos intransponíveis; e criou também todos os meios de destruição conhecidos, tornando-os cada vez mais sofisticados até os dias de hoje. Com a inteligência, desenvolveu mecanismos econômicos que geram guerras, golpes e traições, além de causar morte e miséria aos outros ex-macacos. Com sua inteligência, o homem gasta fortunas em uma insana corrida espacial, enquanto aqui na terra seus vizinhos ainda morrem por causas que, já em priscas eras, matavam os seus ancestrais macacos. O homem destrói a natureza, ferindo-a de morte, confiante em que sua inteligência encontrará soluções para a morte do planeta quando se fizer necessário. Tudo isso é coisa de macaco demente.

Desenvolveu também o homem, com sua inteligência, fórmulas medicinais que salvam vidas e prolongam a existência; mecanismos que prevêem doenças; que tornam a vida mais confortável; que possibilitam o crescimento imensurável da civilização como um todo. Isto é maravilhoso. Utilizando essa mesma inteligência, entretanto, pratica mecanismos que concentram essas coisas maravilhosas em uma ínfima parcela da população de ex-macacos, condenando a outra parte, em sua quase totalidade, à fome, à miséria, à doença, ao extermínio, ao massacre. Mais uma coisa de macaco demente.

Darwin estava certo, certíssimo. Mas, indubitavelmente, atirou no que viu e acertou no que não viu. Mais certo ainda estava Stanley Kubrick, em 2001 – Uma Odisséia no Espaço.

Será que a solução para os problemas cada vez maiores e insolúveis deste mundo passará pela perda total da inteligência – possível produto de um cérebro afetado de macaco – possibilitando a nossa evolução para o estágio macaco, livres portanto dos catastróficos efeitos dessa demência? A ser verdade o que nos foi passado sobre a origem do homem, o macaco estaria bem mais próximo da perfeição e do Paraíso do que nós.

*texto de 2004

Maugo
Enviado por Maugo em 29/01/2023
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