A idade me deixou mais prático, mais seletivo e mais leve, mas a minha maior conquista foi deixar de me importar com o que falam ou pensam a meu respeito. As pessoas falam de você não importa o que fale ou faça. Quando a mudança tornou-se perceptível fui chamado de velho muitas vezes e eu prefiro dizer que estou mais sábio. Hoje faço o que é bom para mim e o silêncio é a minha melhor resposta.

           Estou me livrando do que é pesado seja material ou emocional. Percebi que não precisava da metade do que tinha no meu apartamento, não preciso mais sair apenas por sair, que gostaria de morar em lugar menor, mais prático, que posso sim dizer não, que preciso cuidar de mim e principalmente que não sou insubstituível. Eu tinha os ombros pesados com mágoas, ressentimentos e perdoar e me perdoar, mesmo sendo muito difícil, era necessário. É um caminho árduo, com muitas recaídas, mas aos poucos tudo vai ficando em um passado distante.

           Vivi tudo que eu quis ou o que deu para viver e sobrevivi. Tive sorte. Consciente da minha mortalidade, hoje me ouço mais. É uma desconstrução importante porque dela eu estou renascendo, criando outra vida, outros hábitos, algumas perdas, mas o que fica é verdadeiro. A simplicidade é um presente que me concedi e a autenticidade, agora lapidada, nem sempre é necessária e bem vinda.

           Há quinze dias atrás fui a uma livraria sozinho e completamente despreocupado com o tempo, comprei um livro, tomei um café, observei as pessoas e comecei a rabiscar essa crônica. Voltei para casa feliz e de bem com a vida. Isso sim é um luxo!

           Viva a maturidade!!!!!!!!

José Raimundo Marques
Enviado por José Raimundo Marques em 28/01/2023
Reeditado em 28/01/2023
Código do texto: T7706036
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