Pensando sobre o escritor e sua escrita.
Distante do Recanto das Letras por uma reforma em minha casa tenho conectado pouco e apenas lido os poetas do site. Sempre gostei de comentar com muita atenção e carinho todos os amigos escritores que tenho na página do Recanto. Com calma retomarei a rotina de visitas.
Nestas pequenas andanças solitárias pelo Recanto descobri novos poetas de talento (principalmente nos sonetos, que tenho me dedicado com mais afinco às leituras) e que com certeza engrandecem em muito nosso espaço recantual.
Pude perceber que o meu apreço por este ou aquele poeta não está relacionado diretamente à sua classificação no site: Entusiasta, Amador, Semiprofissional ou Profissional; e sim pela sua maneira original de expressão e/ou pelo lirismo de sua poética.
No Recanto das Letras eu encontrei grandes autores Amadores e autores que se classificam como Profissionais que não me apraz a leitura. É interessante como se comporta a sensibilidade humana, o nosso mundo interior, o nosso gosto literário, não é verdade amigos?!
Sou favorável ao amadorismo de qualidade e de prazer pela escrita. Gosto de ser “eu mesmo” sempre, de expressar somente o que realmente me faz necessário e no silêncio da alma. Sou como diz Rilke*: - todo poeta deve ser um ser solitário e só escrever por necessidade. Penso eu que ele, o poeta, deva ouvir: dias a fio, a poesia caminhar silenciosa dentro de si e deixa-la nascer na sua hora exata.
A poesia vem em mim sem nenhuma pressa, sem nenhum encaminhamento prévio. Ela nasce porque tem de nascer um dia. E interessante disso tudo, estou a mais de 60 dias sem escrever um soneto sequer e não sinto falta. Sei que a poesia está aguardando a sua vez.
O que queria é poder ver os escritores tendo o cuidado redobrado com seus poemas, escrevendo sem pressa e sem pressão. Que vença o sentimento poético verdadeiro e que o poeta saiba a sua hora de publicar virtualmente e saiba, conscientemente (com muita humildade e percepção), a hora de tornar-se um poeta em livro próprio.
Sou sincero recantistas! Nem todos os escritores ditos Semiprofissionais ou Profissionais no Recanto das Letras me agrada a leitura de seus textos. Respeito todos. Talvez, seja eu uma pessoa um tanto radical ou eu tenha um olhar crítico: em demasia, não sei responder a esta constatação.
Como aprendiz, julgo importante a leitura dos grandes poetas de todos os tempos literários: o caminho mais seguro para a aprendizagem, e a escrita comedida, a escrita desenvolvida após muitas e muitas leituras de poemas dos nossos mestres.
Vencer não é apenas publicar uma obra, ser conhecido, ser lido e ser chamado de poeta! Vencer é saber que a poesia não é somente o resultado de uma repentina inspiração ou de um amontoado de citações e cópias de autores famosos e sim que a poesia é o resultado de um trabalho de construção de sua identidade poética própria e consciente, sempre aliada ao conhecimento teórico, as leituras, à alma, à verdade mais profunda do eu-lírico e ao comportamento ético, aos sentimentos humanitários, solidários diante da Vida cotidiana.
Enfim, vencedor será aquele que humildemente cantar “o seu canto” sabendo do canto dos outros e maravilhado pela beleza que há em um poema realizado por Amor à POESIA e com muita dedicação ao trabalho poético. Sendo belo o POEMA não existe escola literária, modismo, que o faça perder sua beleza.
* Dois conselhos contidos no livro: Cartas a um jovem poeta de Reiner Maria Rilke - em que está contida a correspondência de Rilke com o jovem poeta Franz Xaver Kappus, entre fevereiro de 1903 e dezembro de 1908.