COMO MEU ATEÍSMO VÊ A MORTE
Lembro que já fiquei tocada vendo o consolo que a religião dá às pessoas que perdem um ente querido, lembro que cheguei a lamentar não ter esse consolo.
Tem coisas que a crença proporciona à pessoa que crê mas estão vedadas às pessoas ateia, e não há nada que possamos fazer porque ateísmo não é escolha, ao contrário do que a maioria das pessoas não ateias pensam.
Para mim, e com relação à perda de alguém e à minha própria morte, o consolo veio quando fui fazer uma endoscopia. 🙂
A médica estava falando comigo e, no que para mim foi o meio de uma frase, ela disse que eu podia me levantar porque o procedimento já tinha terminado.
Foi uma descoberta incrível, quase não consegui pensar sem dizer o que estava pensando e sorrir abraçando a médica: "Então morrer é isso!".
Me dei conta de que durante o tempo que durou a endoscopia eu estive morta, eu não existi, não tive consciência, dor, anseio, dúvidas, tristeza... NADA, absolutamente nada! E soube que se algo assim durar para sempre será maravilhoso! Mil vezes melhor do que qualquer promessa ou ameaça de qualquer religião!
A partir desse dia sinto sim a perda, mas sinto que tenho um consolo maior do que o de qualquer pessoa religiosa.
Tenho o consolo de saber que aquela pessoa querida não vai sofrer nunca mais.
Pensar dessa forma pode não funcionar para todo mundo, mas para mim funcionou bem demais!