Sapo de Macumba

MESMO que quisesse não teria mais como mudar. Se mudasse me transformaria num moto-vivo, num zumbi, em alguém que estaria seguindo a manada com medo de tudo. Prefiro continuar até o fim sendo o mesmo menino grande, um cara do passado. Lembro do que disse Nelson Rodrigues:”O menino está enterrado no adulto como sapo de macumba”.

No entanto, apesar da quase obsessão pelo passado (noves fora os tabus e preconceitos da época), não condeno e nem censuro a “filosofia de vida” dos jovens. Que culpa eles têm? Eles são resultado do seu tempo. Não são responsáveis pelo modismo, alienação cultural e consumismo. Os culpados são a sociedade e o capitalismo selvagem. Cassaram da juventude o senso crítico, a cultura, a capacidade de opção. Reduziram os jovens a consumidores compulsivos, marionetes do mercado frio, cruel e insaciável,

Não generalizo o comportamento da juventude, em meio ao consumismo há sinais de consciência, jovens diferenciados. Agulhas no palheiro? Talvez, mas elas brilham e iluminam, descobrem e apontam caminhos. O sistema pode ter cassado e prejudicado costumes, valores e tradições, mas não conseguiu, graças a Deus, matar a esperança - o sonho do homem acordado.

Tenho esperança que está juventude vai, num futuro próximo, questionar o sistema opressor e os podres poderes. Sem a juventude não há futuro. William Porto. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 26/01/2023
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