Órbita de cristal - BVIW
O fim nunca é fácil quando se tem uma conexão sentimental porque o indivíduo não tem uma compreensão límpida da vida. Em outras definições, o fim é um rito de passagem, onde uma das partes não está domesticado para uma caminhada solitária e independente. É possível ser feliz sozinho, Tom Jobim que me perdoe, mas mimar o coração desse jeito é naufragar nas dependências terapêuticas. Viver em sociedade é outro conceito, mesmo porque o homem tem natureza gregária, o que não significa morar junto ou ser segmento de reta do outro. Somos linhas paralelas. Participamos de um movimento contínuo, e o que termina aqui, começa ali, e assim é a vida. Uma explosão de possibilidades, ao menos para os que projetam dias melhores. Porque não é racional deitar eternamente em berço esplêndido quando espera-se pelo progresso espiritual. Neste sentido, percebe-se que a maioria da sociedade transita em um estado de dormência social, e a vida de gado faz bem. Somos demasiadamente imediatistas e míopes, não enxergamos o futuro. Na verdade, não gostamos de mudanças, a nuvem de algodão é uma bússola que aponta para o comodismo, e o que convém é pessoal e intransferível, a coletividade que lute. E, nessa órbita de cristal, o indivíduo de vidro não pode se dar ao luxo de permanecer intacto.