REMINISCÊNCIAS
Prof. Antônio de Oliveira
Assisti, uma tarde dessas, a um capítulo da novela Rei do Gado. As asas da imaginação me levaram de volta até os meus dez anos de idade.Nascina fazenda então propriedade de meus pais.
Três lances dessa época, relacionados entre si, vieram-me à mente. Os três protagonizados a cavalo, dois na garupa, tendo como cavaleiro meu irmão mais velho. O terceiro, eu, imaginem só, dando uma de Guimarães Rosa, acompanhando uma boiada, dessa vez, montado sozinho. A
bem dizer, uma miniatura de boiada que guardo, na minha lembrança, como se fora eu o rei do gado...
Chegaria ao ponto de realização imaginária?
Quanto às outras duas vezes, uma vez de noite. É verdade que era tempo de lua cheia, mas que, para mim, era uma aventura fantástica. Uma experiência à qual as criançasda zona rural estão acostumadas.
Finalmente, havia chovido e havia que atravessar o ribeirão, sem ponte.Meu irmão estacou o animal, voltou-se para trás e perguntou:
– Tá com medo? Segura firme na minha barriga que vamos atravessar a correnteza... Vai dar certo.
Fez o sinaldacruz.Segurou firme as rédeas do animal. As águas me chegavam aos joelhos. Claro,ambos sobrevivemos. O cavalo, este soprava pelas ventas, sacolejando o corpanzil molhado...