Encontrando Paz na Pandemia
 

De repente fomos acometidos por uma pandemia que nos obrigou a que ficássemos mais em casa, mantendo os cuidados de higiene e nos encantamos com a resposta da mãe natureza - que passou a “respirar melhor”, se reconstruindo. Um lenitivo diante de tanta dor. Pra nossa família iniciou em 29.03.2020. Estamos há um ano reclusos, em teletrabalho. 

 

Agora dispomos de todo tempo do mundo. podemos ler mais, ouvir boa música, valorizar mais o sucesso que obtivemos em batalhas pessoais vividas…

 

O estar em família passou a ser vivenciado de forma mais intensa e de alguma forma nos dando uma nova oportunidade de resgatar a pessoa que fomos “quando estivemos ausentes” na busca do melhor para a família. 

Permanecemos mais presos em veículos e no ambiente de trabalho, colocando-o em primeiro lugar em detrimento da família. 

 

Se hoje as coisas melhoraram, creio que os fracassos e traumas de antes foram inspiradores nas conquistas dos Direitos Humanos, dos Acordos Coletivos de Trabalho etc. 

 

Recebemos uma nova oportunidade de nos mostrar como realmente somos e, quem sabe, venhamos a  ser melhor lembrados com alguma justiça. Esse sentimento de renascimento é reconfortante. 

 

Há um lapso de tempo entre o período de crescimento dos filhos, enquanto crianças, escola, adolescência e pós… À medida que eles crescem e “passam a compreender” melhor a vida, - nós estamos trabalhando. 

Eles continuam jovens e nós menos jovens, ainda trabalhando. De cuidados a cuidadores. 

Nos damos por felizes se o rio natural da vida seguir tranquilo seu curso. 

 

É um desafio enorme administrar bem a tarefa de ganhar o pão de cada dia e sermos um chefe de família mais presente. Muitas broncas suportei em função do espaço vazio, - não menos insuportáveis quanto às que, só bem mais tarde, senti e sinto por tudo que perdi. 

 

Pois bem, e nesse devaneio já perdi o horário do almoço caseiro, aquele do qual a gente só passa a valorizar quando temos a oportunidade de permanecer em casa, de férias das refeições diárias dos restaurantes próximos ao local de trabalho, ainda que reféns de uma pandemia. 

 

A refeição é mais simples e o cafezinho é melhor - nem parece ser o remanescente da safra que não foi exportada pelo AgroNadaPop. 

 

Aprendemos a valorizar e refletir mais sobre a vida e termos um olhar mais atento e empático com o mundo que nos cerca. 

 

Sitiados pelo medo, pela barbárie e pelos negacionistas de plantão, acompanhamos , com muita tristeza, o sofrimento de milhares  de famílias que perderam seus entes queridos. 

 

Se não nos bastasse enfrentarmos o terror de uma pandemia causada pelo Covid-19, ainda tivemos que conviver com uma comunidade virulenta renascida das sombras.  

 

Quanta dor! Imaginar que muito desse sofrimento poderia ter sido evitado, - dói, dilacera o coração. Diante das circunstâncias que presenciamos e vivenciamos, a saudade das famílias órfãs não encontra um momento de paz e, muito menos, chance para o perdão.

 

Por fim, não obstante os muros que foram edificados, concluímos que o  mais  importante é estarmos bem em família, com boa saúde, empatia, tolerância e um pouco de paz. 

 

Em meio a essa assombrosa pandemia as informações transitaram muito rapidamente pela grande mídia, - nos sobressaltando a todo instante. 

A sensação é a de que todos os continentes vieram habitar o meu quintal. 

 

✍️- 28.02.21.

 

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