Resposta à uma crônica
Que ninguém se apresse em me chamar de radical, fascista, direitista ou coisa que o valha.
Estava em meu diário exercício de leitura quando fui covardemente agredido. Sim, fui agredido, acredite. Fiquei atônito, abalado, desorientado, desequilibrado. E o mais revoltante é que aceitei e concordei com tal desenrolar de fatos. Fui agredido e, acredite, gostei.
Explico. Gosto de escrever e na minha sanha de leitor contumaz adoro deitar-me sobre a colcha de retalhos que é a literatura, principalmente a nossa, em português. Descobrir autores, novos e desconhecidos, ou consagrados e populares, me fascina. Eis que Antônio Maria(Antônio Maria Araújo de Morais), do nada e de graça, me estapeia com a seguinte pérola: "O poeta tem que ignorar o próximo e odiar a si mesmo".
Imediatamente, e na desesperada tentativa de me recompor, busquei em mim argumentos para desqualificar tal afirmação. Em menos de trinta segundos havia desistido. Pois para escrever sobre a dor, ou sobre o amor, ou sobre o tudo ou o nada, o Amor não basta! Não contempla a complexidade, a grandiosidade, a profundidade. Ao que parece a completude só se alcança através da dualidade. Uma assustadora conclusão, concordo. O tapa ainda dói.
Afinal de contas, "o poeta é um fingidor."
Rubens Lôbo