ANO NOVO, VIDA NOVA?

          O ano de 2022 terminou. Agora vamos começar 2023. Como sempre, tantos alegres e quantos tristes, tantos com expectativas, quantos sem expectativas. Mas, decerto, todos esperançosos de dias melhores. Afinal, 2022 teve graves restrições por conta da pandemia e um processo eleitoral muito tenso, que dividiu famílias, separou amigos, afastou colegas de trabalho, desviou companheiros de crença, criou inimizades.

          Polarizado entre dois candidatos, entre ideologias antagônicas, entre ideias conflitantes, o processo eleitoral alcançou as raias do radicalismo e da intolerância, com medições exacerbadas de forças, com ataques às pessoas e instituições, que em tantos momentos parecia que tudo iria desmoronar. Até hoje não se deposita absoluta certeza de se ter alcançado resultado legítimo, ante o histórico do processo eleitoral, desde sua preparação até o seu encerramento.

          O predomínio das discussões do pleito tendo sido o tema da corrupção no maior esquema montado por um partido político na história do país, não foi recepcionado pela maioria dos eleitores, trazendo de volta os seus autores ao comando do governo. Tal fato parece validar as práticas do passado, tanto que antes da posse do vencedor a equipe de transição já demonstra que elas se farão presentes novamente, com as alterações negativas já obtidas na lei das estatais e no consentimento para o furo do teto das despesas públicas.

          A quantidade de ministérios criados para acomodar correligionários já denota a ciranda futura que se fará do erário público. Nada se apresenta de novo, apenas se fala do que foi feito no passado, como se o Brasil de hoje fosse o Brasil daquela época. Vislumbra-se, pois, uma volta ao passado, utilizando-se dos mesmos conceitos e propugnando os mesmos princípios, quando atualmente são outros os elementos que sustentam a economia nacional e a vida da nação. Os prognósticos anunciados não são animadores: aumento da dívida pública, da inflação, da taxa de juros, do desemprego, queda na produção, recessão. A visão dos que chegaram em nada mudou. E diante disto é de se esperar, pois, que nada se verá de novo debaixo do sol.

          Fala-se o tempo todo que o país será reconstruído, quando não há nada a reconstruir, se não, o espírito de união entre os brasileiros, abatido pelo ódio que atingiu a todos. Fala-se que a democracia foi salva, quando a palavra democracia é usada para esconder outros propósitos que não podem ser dados a conhecer. Fala-se na redenção do país, quando o país não tem que ser redimido de sua história de luta pela liberdade.

       Agora é hora de união, de reconquista das amizades perdidas por causa da política partidária, da compreensão dos posicionamentos e sobretudo, do desejo uníssono de todos por um Brasil melhor, fraterno, solidário, menos desigual, rico em sentimentos de respeito e tolerância. Se os brasileiros não se perdoarem uns aos outros, será impossível a eclosão da força da união e do amor. Se os novos governantes não se derem conta disto, se não agirem com esta disposição, focados neste propósito, a ordem e o progresso gravados em nossa bandeira perderá todo o sentido. As palavras proferidas no ato público de diplomação dos eleitos não acenaram para a reconciliação. Por isto, cabe não apenas perguntar, mas também se questionar: ano novo, vida nova?

 

Ailton Elisiario
Enviado por Ailton Elisiario em 20/01/2023
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