QUANDO EU ENTENDI O QUE ERA A MORTE

Entendi o que era a morte quando perdi o meu padrinho José. A lembrança dele surgiu em minha mente de uma forma tão repentina quanto uma estrela cadente que risca o céu, assim, sem mais nem menos. O que me obrigou a escrever sobre isso.

Lembro que minha mãe, com muito cuidado me informou sobre o falecimento dele. Chorei descontroladamente até o local onde seu corpo estava sendo velado. Como eu desejei que ele acordasse, assim como acontecia na Idade Média, quando as pessoas bebiam suas bebidas em copos feito de estanho e a família ficava em vigília esperando que a pessoa acordasse, evitando assim, que fossem enterrados vivos, mas não, tive que testemunhar seu corpo sem vida ser engolido pela terra que estava sendo nutrida pelas seivas de nossos olhos chorosos. Naquele dia regamos uma semente.

O meu padrinho era alto, magro e de cabelos amarelos. Tinha um sorriso largo e olhar de 1.000 Lúmens da cor do mar. Adorava conversar. E digirir. Dirigia despreocupadamente porque ele gostava de conversar olhando nos olhos.

— "Olha pra frente, Zé!" — Meu pai alertava — E ele limitava-se a sorrir, como sempre. Em todas as vezes que visito minhas memórias de criança, o vejo dessa forma: uma estrela de brilho raro. Um ser quase angelical. Como eu o amava!

Por que estava com tanta pressa ao ponto de beijar a traseira de um caminhão e perder a cabeça por um descuido? Pra quê pressa em me ensinar a lição sobre o que é a morte? Por que foi embora sem despedir da gente? Como é a vista daí de cima? As nuvens são de algodão? Tantas perguntas sem respostas... Apenas deixou a Morte ainda mais misteriosa, por quê?

Adenize Cardoso
Enviado por Adenize Cardoso em 20/01/2023
Código do texto: T7699785
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