LOJAS AMERICANAS
LOJAS AMERICANAS
Há 65 anos, com margem de erro de 2, para mais e para menos, saía de casa com minha mãe para ir ao centro da cidade de Santos. A alegria começava no trajeto, de bonde, preferencialmente no reboque do linha 5. Num tempo de poucas necessidades e dinheiro curto, minha mãe ia pagar algum carnê ou comprar alguma coisa que não havia na venda do seo Domingos. Quando ela me dizia, “filho, amanhã vamos à cidade”, eu já ficava alegre, pois sabia que iria, depois de seu carnê ou compras, à Lojas Americanas, onde podia escolher entre um cachorro-quente ou um sorvete banana-split, e além disso subir pela escada rolante até a lanchonete, que tinha um estilo USA anos 50. Agora a “Lojas Americanas”, provavelmente deixará de existir, fruto quem sabe, de fraude em seu balanço contábil, arquitetado por algum marginal de colarinho branco, termo usado para lustrar o termo bandido. Já deixaram de circular os bondes, há muito já não há os cachorros-quentes e bananas-split das Americanas, e agora ficará apenas a saudade do antigamente, onde um pequeno prazer tinha grande valor.
Segue a vida.